20 dez, 2019 - 17:07 • Manuela Pires
Durão Barroso deixou esta sexta-feira, em declarações à Renascença, um alerta para Bruxelas sobre o Pacto ecológico europeu. O ex-presidente da Comissão Europeia e primeiro-ministro português considera que a União Europeia (UE) vai estar na vanguarda deste movimento e mostrou-se favorável ao pacto apresentado para o combate às alterações climáticas no novo modelo de crescimento económico do continente. Porém, avisa que é preciso ter em conta a competitividade das empresas, porque se tiverem "de aplicar estas políticas e os outros países não o fazem, então há um problema de competição".
Numa entrevista realizada em Cascais, à margem do Encontro Anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, Durão Barroso reconhece que o pacto tem metas muito ambiciosas e é preciso chamar os grandes poluidores a seguirem os mesmos passos. "Os Estados Unidos e a China são nesta altura os maiores poluidores. Mesmo que a Europa, por hipótese, tivesse hoje emissões zero, isso não resolvia o problema das alterações climáticas", ressalva.
Francisco Ferreira, da Zero, aplaude o facto de fi(...)
Há cinco anos, quando era presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso conseguiu ver aprovado o pacote energético e climático da UE até 2030, que contemplava metas vinculativas a nível de redução das emissões de gases com efeitos de estufa e a incorporação de energias renováveis. No entanto, os objetivos eram apenas indicativos quanto ao aumento da eficiência energética.
Agora que a comissão estabeleceu este pacto ecológico, Durão Barroso avisa que as ideias têm de ser muito bem explicadas e acompanhadas de medidas adicionais, caso contrário os "setores tradicionais", como os trabalhadores do sector da indústria ou mesmo da agricultura, "podem revoltar-se".
"Foi isso que aconteceu em França com o movimento dos coletes amarelos", exemplificou. Barroso diz que o Governo de Paris decidiu aumentar o preço dos combustíveis por uma boa razão, para desenvolver alternativas, mas que as pessoas, "sobretudo da província, não aceitaram porque se sentiram discriminadas".