12 nov, 2019 - 12:50 • Redação com Lusa
O primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez chegou a um acordo preliminar com o partido liderado por Pablo Iglesias, do Podemos, para um governo de coligação.
Segundo o jornal "La Vanguardia", os dois líderes partidários encontraram-se em segredo na segunda-feira à tarde para reatar as negociações que tinham ficado paralisadas em julho. O mesmo jornal adianta que Pablo Iglesias será vice-presidente do governo.
O documento de pré-acordo já foi assinado. "Os espanhóis falaram e cabe aos partidos responder à sua vontade", disse Pedro Sánchez depois de assinar o documento, enquanto Pablo Iglesias realçou a honra que constitui para a sua formação fazer parte do Governo.
Os dois líderes afirmaram que agora vão tentar obter o apoio de outros partidos no parlamento necessário à obtenção de uma maioria parlamentar que garanta a investidura do futuro executivo.
Apesar do acordo, Pedro Sánchez precisa não apenas do apoio do Unidas Podemos, mas também do apoio de outros partidos.
Naquela que foi a quarta eleição em quatro anos, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi a força mais votada, com 28% dos votos, mas perdeu três lugares no parlamento, passando a ter 120, seguido pelo Partido Popular (PP), com 20,8% dos votos e 88 deputados, e pelo Vox, com 15,1% e 52 eleitos.
O Unidas Podemos, com 12,8%, elegeu 35 deputados e o Cidadãos, com 6,8%, conseguiu 10 lugares no parlamento.
Reações negativas ao pré-acordo
O presidente do Partido Popular (PP, direita), o maior da oposição em Espanha, considerou, entretanto, "muito preocupante" o pré-acordo agora assinado.
"Nós vamos estar à altura da situação, mas [Pedro Sánchez] não quis saber de nós, tomou a sua decisão", lamentou o líder do PP, Pablo Casado, concluindo que "é óbvio que [Sánchez] fecha a porta com estrondo a qualquer colaboração com o PP".
Numa conferência de imprensa em Madrid, depois do Comité Executivo Nacional do partido, após tomar conhecimento da assinatura de um acordo preliminar de coligação governamental entre o PSOE e o Unidas Podemos, Casado reiterou que o PP não irá facilitar a investidura de Sánchez, porque os seus programas "são incompatíveis".
Por seu lado, o presidente do Vox (Extrema-direita), o terceiro maior partido espanhol depois das eleições de domingo, assegurou que, com o pré-acordo governamental alcançado, "o PSOE abraça o comunismo bolivariano, os aliados de um golpe de Estado no meio de um golpe de Estado".
Numa mensagem na rede social Twitter, Santiago Abascal também enfatizou que o seu partido fará com que o primeiro-ministro em exercício e líder do PSOE seja "responsável por qualquer dano que causem à coexistência".
O Cidadãos (direita liberal) anunciou que não irá apoiar o acordo de coligação, porque o considera "nefasto" e contrário aos interesses da maioria dos espanhóis, tendo apelado à responsabilidade do PSOE e do PP para chegarem a um acordo "moderado" com o seu partido.
"Há dois dias [os socialistas] não podiam dormir com o Podemos e agora vão viver juntos", considerou o Cidadãos em comunicado.
Por outro lado, o líder do novo partido Mais País, Ínigo Errejón, felicitou-se pelo pré-acordo entre o PSOE e o Podemos e sublinhou que o seu partido irá trabalhar para que haja uma maioria que apoie o futuro executivo.
Os espanhóis deram "uma segunda oportunidade a um governo progressista para fazer um país mais justo" e "esse mandato deve ser cumprido", escreveu Errejon numa mensagem no Twitter.
[notícia atualizada às 16h18]