03 jan, 2020 - 14:04
O assassinato de Qassem Soleimani pelas Forças Armadas americanas é um ato de guerra, considera o diretor do Instituto de Segurança da União Europeia, Álvaro Vasconcelos.
Em entrevista à Renascença o especialista diz que basta pensar qual seria a reação se fossem os iranianos a matar um general americano, para perceber a gravidade da medida.
“O assassinato de Soleimani pelos americanos é um ato de guerra. Imaginemos que os iranianos tinham assassinado um general americano do mesmo nível? Os americanos considerariam isso um ato de guerra, no Irão é visto como um ato de guerra.”
“Agora os iranianos possivelmente estão a pensar como responder de forma a dar uma satisfação à opinião pública iraniana e ao mesmo tempo não entrar numa escalada que, penso, é o que Trump procura, uma escalada com o Irão que lhe permita dar uma resposta militar mais significativa do que esta, que já foi extremamente grave”, diz ainda o diretor do Instituto de Segurança da União Europeia.
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No meio da incógnita sobre as intenções finais dos Estados Unidos, uma coisa é certa, diz. “Indiscutivelmente que foi uma provocação, porque se a intenção dos americanos era diminuir a influência enorme que o Irão tem no Iraque, que ganhou a partir da derrocada de Saddam Hussein pelos americanos, que fez do Irão a força regional determinante no Iraque, com mais influência que os americanos”.
“Se o objetivo dos americanos era proteger os seus interesses no Iraque, o resultado é o contrário, a não ser que seja o início de uma escalada que leve a uma guerra com o Irão e que destrua a capacidade iraniana de influência regional, o que não me parece provável, mas nunca sabemos”, afirma.
A dúvida, para Álvaro Vasconcelos, está em saber se Trump tenciona apenas dar uma prova de força, ou se quer mesmo abrir um conflito com o Irão.
“Qual é a intenção de Trump? Mostrar que é um duro, e assim contentar uma parte da opinião americana, apesar de ter prometido que abandonaria o Médio Oriente, ou iniciar uma escalada contra o Irão, processo que iniciou com o abandono do acordo nuclear e a imposição de sanções extremamente graves? Mas que é uma provocação, isso é, e os iranianos vão responder, embora possivelmente tenham uma resposta mais contida do que os americanos tiveram”, conclui.
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