05 jan, 2020 - 17:28 • Redação com Lusa
O Governo iraquiano convocou este domingo o embaixador norte-americano em Bagdad para condenar o ataque que matou um general iraniano, isto já depois de o Parlamento pedir a expulsão de tropas norte-americanas do Iraque, uma medida não vinculativa.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque, Abdulkarim Hashem Mustafa, convocou o embaixador dos EUA em Bagdad, Matthew Tueller, para lhe transmitir a condenação ao ataque aéreo norte-americano em território iraquiano que vitimou o comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani.
A moção não é vinculativa, mas recomenda ao Govern(...)
Na conversa com o embaixador dos EUA, Mustafa enfatizou que o ataque representa “uma violação flagrante da soberania do Iraque, de todas as normas e leis internacionais que regulam as relações entre os países”, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano.
O vice-ministro afirmou ainda que o ataque violou “as regras acordadas com a coligação internacional, cuja missão se limita a combater o [grupo terrorista] Estado Islâmico e treinar as forças de segurança iraquianas, sob a supervisão do Governo iraquiano”.
Na mesma manhã em que decorreu esta reunião, o parlamento iraquiano aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, em que Washington se compromete a ajudar na luta contra o Estado Islâmico.
A maioria dos 180 deputados presentes no parlamento, na sessão extraordinária de hoje, votou favoravelmente esta resolução, apoiada pelos membros xiitas, que detêm a maioria dos assentos.
A tensão a Médio Oriente não parece dar sinal de poder acalmar nos próximos dias. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já tinha, também este domingo, advertido Teerão de que os Estados Unidos identificaram 52 locais no Irão e que os atacarão “muito rapidamente e duramente” se a República Islâmica atacar pessoal ou alvos americanos.
Alguns desses locais iranianos “são de muito alto nível e muito importantes para o Irão e para a cultura iraniana”, precisou Donald Trump numa mensagem da sua conta da rede social Twitter.
“Os Estados Unidos não querem mais ameaças”, acrescentou.
Donald Trump disse ainda que o número de 52 lugares corresponde ao número de americanos que foram feitos reféns durante mais de um ano, no final de 1979, na embaixada dos Estados Unidos em Teerão.
A tensão entre os Estados Unidos e o Irão aumentou na sequência da morte do comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, vítima na sexta-feira de um ataque aéreo contra o aeroporto internacional de Bagdade que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O ataque já suscitou várias reações, tendo quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido e China - alertado para o inevitável aumento das tensões na região e pedido às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.
No Irão, o sentimento é de vingança, com o Presidente e os Guardas da Revolução a garantirem que o país e “outras nações livres da região” vão vingar-se dos Estados Unidos.
Também o líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general e declarou três dias de luto nacional, enquanto o chefe da diplomacia considerou que a morte como “um ato de terrorismo internacional”.