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Conselho de Segurança

"Agressão ao povo e ao Governo". Iraque pede à ONU para condenar ataque dos EUA

07 jan, 2020 - 00:57 • Lusa

Embaixador do Iraque nas Nações Unidas diz que presença das forças norte-americanas no Iraque pode levar a uma “escalada perigosa” das tensões e a “uma guerra devastadora" no país.

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O Iraque pediu na segunda-feira, em carta enviada às Nações Unidas, que o Conselho de Segurança condene a operação dos Estados Unidos que matou o general iraniano Qassem Soleimani, para impedir a degradação das relações internacionais.

De acordo com a missiva enviada pelo embaixador do Iraque na Organização das Nações Unidas (ONU), obtida pela France-Presse, a operação norte-americana em território iraquiano, a 4 de janeiro, que matou Qassem Soleimani e o tenente iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis ("número dois" da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque Hachd al-Chaab), “representa uma agressão ao povo e ao Governo do Iraque”.

A “flagrante violação das condições ligadas à presença das forças norte-americanas no Iraque” pode levar a uma “escalada perigosa” das tensões e “uma guerra devastadora no Iraque, na região [do Médio Oriente] e no mundo”, prossegue a carta. O Iraque pede, por isso, ao Conselho de Segurança da ONU que “cumpra as suas responsabilidades e garanta que aqueles que cometeram essas violações, que violam não apenas os direitos humanos, mas também o direito internacional”, sejam “responsabilizados”.

No documento de três páginas, o embaixador do Iraque na ONU não pede explicitamente uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre este assunto, mas, apesar de o país não ser membro do Conselho, pode solicitar uma reunião através de um dos 15 países que compõem o órgão.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas é atualmente composta por cinco membros permanentes – Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França – e por 10 membros temporários – Bélgica, República Dominicana, Estónia, Alemanha, Indonésia, Nigéria, São Vicente e Granadinas, África do Sul, Tunísia e Vietname.

Esta missiva segue o anúncio, no domingo, do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano de uma queixa à ONU.

Também na segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que as tensões diplomáticas estão “ao nível mais elevado” do século. “Parem a escalada [da tensão]. Exercitem ao máximo a contenção. Recomecem o diálogo. Renovem a cooperação internacional”, apelou Guterres.

A situação na região do Médio Oriente está particularmente tensa desde a morte do general Qassem Soleimani, ordenada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O ataque ocorreu três dias depois de um ataque inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido, China e EUA — mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.

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