08 jan, 2020 - 09:56 • Marta Grosso , Miguel Coelho
A primeira impressão que se tem do ataque do Irão a duas bases norte-americanas no Iraque é que Teerão “não quer ir muito mais além na retaliação” à morte do comandante da guarda revolucionária, Qassem Soleimani.
Esta é a opinião do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, que aguarda agora a declaração que o Presidente dos Estados Unidos irá fazer nesta quarta-feira.
“Pela reação que teve no Twitter, a resposta em princípio não será muito para além do que se está à espera, ou seja, será uma reação comedida, para parar a escalada”, antevê o antigo chefe da diplomacia portuguesa.
Quanto à permanência de militares portugueses no Iraque, Martins da Cruz não vê necessidade imediata para a sua retirada.
Mohammad Javad Zarif escudou-se ainda no artigo 51(...)
“Portugal tem cerca de três dezenas de militares no Iraque que não estão lá combater. Os nossos soldados foram para o Iraque para reforçar a instrução de tropas iraquianas para que tenham capacidade de responder sozinhos a ameaças eventuais ao país”, começa por explicar, em direto, na Renascença.
Contudo, se os países da NATO decidirem retirar, então Portugal deverá acompanhar.
Martins da Cruz lembra que os EUA podem fazer-se valer do artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para pedir que os aliados se juntem na resposta ao Irão. “Podem dizer aos aliados: fomos atacados, este ataque pode ser considerado um ataque a todos os aliados, portanto ponham-se ao nosso lado e vamos responder”.
Não é esta, contudo, a perspectiva que o antigo ministro dos Negócios Estrageiros tem do futuro próximo. “Tudo leva a crer que não o farão”, conclui.