08 jan, 2020 - 16:36 • Filipe d'Avillez
Donald Trump garante que enquanto ele for Presidente dos Estados Unidos o Irão não terá armas nucleares.
Numa primeira reação ao ataque iraniano a bases no Iraque onde se encontravam soldados americanos, o Presidente foi firme mas evitou uma escalada bélica, afirmando mesmo que está disposto a trabalhar com o Irão caso o seu Governo deixe de ser um dos principais patrocinadores de grupos terroristas na região.
O Presidente garantiu que o ataque da noite de terça-feira, que foi uma retaliação pelo assassinato de Qassem Soleimani, uma das principais figuras do regime persa, não fez uma única vítima entre os soldados americanos que se encontravam nas duas bases atingidas. "Nenhum americano ficou ferido no ataque da noite passada. Não houve vítimas e todos os nossos soldados estão seguros. Houve danos mínimos às nossas bases. As forças americanas estão preparadas para tudo". Os Estados Unidos negam assim as alegações do Irão de que tinham morrido "80 terroristas americanos" no ataque.
O que mais se esperava desta declaração era saber que resposta os Estados Unidos pretendem dar ao regime iraniano. A esse respeito Trump terá optado por não escalar ainda mais a tensão, limitando-se, por enquanto anunciar a imposição de mais sanções que permanecerão "até que o Irão mude de atitude" e dizendo, já no final da declaração sem direito a perguntas dos jornalistas, que "os Estados Unidos estão dispostos a abraçar a paz" com qualquer país que o queira.
Algo paradoxalmente, tendo em conta que a razão da declaração foi o ataque iraniano da noite passada, Trump disse que o Irão parecia estar a resistir à tentação de recorrer à violência. Esta declaração poderá ser interpretada como uma admissão de que o Irão teria sido capaz de fazer pior do que fez, mas optou propositadamente por não o fazer. O ataque iraniano terá sido assim apenas uma mostra de força, sem intenções de fazer vítimas, uma mensagem que a administração americana terá compreendido. Esta terá sido uma forma de o regime iraniano salvar a face.
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Trump elencou a longa lista de provocações por parte do regime iraniano e, mais especificamente, de Qassem Soleimani, que classificou como o "principal terrorista do mundo", que tinha as mãos encharcadas "de sangue americano e iraniano".
O Presidente foi deixando também algumas indicações de que o seu inimigo não é o povo iraniano, mas sim o regime e disse que está disposto a trabalhar em conjunto com o Irão em prole da paz, caso os iranianos assim queiram. O Presidente poderá assim estar a encorajar a oposição ao regime iraniano, que ao longo dos últimos meses tem causado problemas aos líderes persas, com manifestações e protestos nas ruas, violentamente esmagados pelas forças de segurança. Uma das críticas ao assassinato de Soleimani é precisamente de que terá servido para unir os iranianos e difficultar a vida à oposição.
O discurso de Trump serviu ainda para criticar os países do Conselho de Segurança da ONU com direito a veto, que são os mesmos que têm apostado nas negociações com o regime iraniano, nomeadamente através do acordo nuclear que os Estados Unidos abandonaram em 2019.
"O Irão começou a portar-se pior depois de alcançado o acordo nuclear tolo", disse Trump, referindo as vastas somas em dinheiro que o regime recebeu, ao abrigo desse acordo. "Em vez de agradecerem aos Estados Unidos, cantaram 'morte aos EUA', fizeram-no no próprio dia em que o acordo foi assinado", disse, afirmando ainda que as armas com que o Irão tem espalhado o terrorismo no Médio Oriente e atacado alvos americanos, foram financiados precisamente com esse pacote financeiro que lhe foi dado pelos americanos. "Os mísseis que dispararam contra nós foram pagos com dinheiro disponibilizado pela anterior Administração", disse, referindo-se ao seu antecessor, Barack Obama.
"O acordo expira em breve e vai deixar o caminho aberto para o Irão conseguir armas nucleares. O Irão tem de abandonar esta via", disse ainda.
"Chegou a altura do Reino Unido, Rússia, Alemanha, França e China reconhecerem esta realidade e afastarem-se do acordo nuclear. Temos de trabalhar em conjunto para conseguir um novo acordo com o Irão que torne o mundo melhor e mais seguro", concluiu.
Trump passou então a fazer uma série de elogios ao Irão, dizendo que é um "grande país" que pode ter um futuro brilhante caso deixe de apoiar o terrorismo internacional.
Por fim, Donald Trump afirmou que vai pedir à NATO para se envolver muito mais no processo do Médio Oriente, lembrando que a sua administração conduziu os Estados Unidos à independência energética, por isso não precisa do petróleo do Médio Oriente.
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