21 jan, 2020 - 14:30 • Redação com agências
A atriz brasileira Regina Duarte foi convidada para secretária da Cultura do Governo de Bolsonaro, estando, neste momento, “em fase de testes” para decidir se aceita o cargo.
A proposta surge depois do anterior responsável, Roberto Alvim, ter sido demitido, por citar propaganda nazi num discurso.
Mas como chegou a icónica “Viúva Porcina” de “Roque Santeiro” aqui? Apesar de várias vezes ter afirmado não querer ser política, Regina Duarte tem o seu percurso marcado por várias tomadas de posição públicas, sobretudo em campanhas eleitorais, como recorda a BBC Brasil.
Em 1985, nas primeiras eleições para a Prefeitura de São Paulo, após a redemocratização do Brasil, Regina participou ativamente na campanha de Fernando Henriques Cardoso, candidato pelo Partido da Social Democracia Brasileira, afirmando que “a gente tem que fazer isso para impedir que as forças de corrupção e da ditadura voltem a se juntar e destruam a nossa frágil democracia”.
Fernando Henriques Cardoso não saiu vencedor, mas voltou a disputar a eleição, em 1998, desta vez, contra Lula da Silva. Regina apoiou, novamente, o candidato do PSDB que, desta vez, foi eleito à primeira volta.
Quatro anos depois, em 2002, a atriz voltou a defender um candidato do PSDB, desta vez José Serra, a quem se opunha Lula da Silva. Regina protagonizou um momento que se tornou célebre, ao afirmar ter medo que Lula fosse eleito. "Estou com medo. Fazia tempo que eu não tinha esse sentimento. Porque eu sinto que o Brasil nessa eleição corre o risco de perder toda a estabilidade que já foi conquistada”.
Em 2018, Regina Duarte aparece, pela primeira vez, numa manifestação pró-Bolsonaro, marcando assim o início de uma aproximação ao polémico candidato.
Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em outubro do mesmo ano, a atriz descreveu Bolsonaro como "um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homofóbicas, mas é da boca pra fora, um jeito masculino que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de preguiçoso e dizia que lugar de negro é na cozinha", desvalorizando, desta forma, as afirmações do atual presidente brasileiro.
Regina Duarte esclareceu ainda porque razão deixou de apoiar o PSDB e passou a apelar ao voto em Bolsonaro. "Eu tinha algumas opções de voto, como o (Geraldo) Alckmin e o (João) Amoêdo, mas, nesse momento, me caíram fichas inacreditáveis, como as omissões do PSDB. Foi tudo ficando muito feio. Quantos equívocos, quantos enganos! Foi quando notei o tamanho da adesão desse país ao Bolsonaro e pensei: eu sou esse país, eu sou a namoradinha desse país", afirmou, referindo-se à alcunha que lhe foi dada depois de fazer a telenovela "Minha Doce Namorada".
Mas antes de tudo isto, e como tem sido relembrado nas redes sociais, Regina Duarte visitou Fidel Castro. Para Daniel Filho, ator brasileiro que afirma ter conhecido Fidel ao mesmo tempo que a atriz, é incompreensível esta mudança de orientação política. "Simplesmente não entendo. Compreendo que não tem o porquê de as pessoas serem firmes para sempre, mas não entendo essa mudança dela para a direita, assim dessa forma. Ela era de esquerda mesmo, eu continuo [sendo de esquerda]", afirmou.
Em maio do ano passado, no programa “Conversa com Bial”, da estação televisiva “Globo”, Regina Duarte afirmou ter uma participação política há vários anos, que nunca foi “partidária”.