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Coronavírus. Número de mortos sobe para 18, China quer construir hospital em seis dias

23 jan, 2020 - 18:28 • Marta Grosso com Reuters e Lusa

Em Pequim, a Cidade Proibida foi encerrada até futuras ordens por causa do surto. Investigação para criar uma vacina já está em curso. A última das vítimas mortais é de fora da província de Hubei, local da origem do surto.

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Já são mais de 600 casos, só na China, de pessoas infetadas pelo coronavírus. A última atualização, feita nesta quinta-feira à tarde pela televisão estatal chinesa, sobe para 18 o número de vítimas mortais. No entanto, ao contrário das anteriores vítimas, todas da província de Hubei, local da origem do surto, o mais recente caso de morte associado ao coronavírus ocorreu numa outra província, Hebei.

Mas, fora da China, também há novos casos confirmados. Os mais recentes são de uma enfermeira indiana a trabalhar na Arábia Saudita e dois cidadãos chineses no Vietname.

No que toca à enfermeira, a infeção foi detetada no âmbito de um rastreio feito “a cerca de 100 enfermeiras indianas, na maioria naturais de Kerala, a trabalhar no hospital al-Hayat”, situado no sul da Arábia Saudita.

“Apenas uma das profissionais teve resultado positivo para o coronavírus. A enfermeira está agora a ser tratada no Aseer National Hospital [também na Arábia Saudita] e a recuperar”, anuncia o ministro indiano dos Negócios Estrangeiros, V. Muraleedharan, no Twitter.

A notícia é avançada pela agência Reuters, que ainda não conseguiu confirmar a informação com as autoridades de saúde sauditas.

No Vietname, os casos confirmados dizem respeito a dois cidadãos chineses, que “se encontram em boas condições”, de acordo com o Ministério vietnamita da Saúde.

“O Ministério da Saúde continuará a monitorizar todos os sintomas suspeitos detetados nos aeroportos de Nha Trang e Danang, onde chega a maioria dos visitantes chineses”, anuncia o vice-ministro, Nguyen Truong Son, em comunicado.

“Todos os visitantes originários de áreas infetadas serão sujeitos a testes de saúde!”, acrescenta.

Os dois chineses (pai e filho) viajaram da cidade chinesa de Wuhan e visitaram Hanoi antes de serem hospitalizados, na quarta-feira, depois de mostrarem sinais de febre.

Ao início da tarde, Singapura dava conta do primeiro caso no país – um homem de 66 anos residente na cidade chinesa de Wuhan (onde começou o surto) e que se tinha deslocado a Singapura.

De acordo com o Ministério da Saúde singapurense, está ainda em análise um outro possível caso.

No total, são agora 12 os casos de infeção por coronavírus confirmados fora da China. A Tailândia continua a ser o país com mais pessoas infetadas. Todos os doentes tiveram ligações à cidade de Wuhan (resta confirmar o caso da enfermeira indiana).

Wuhan quer construir hospital em seis dias

A cidade onde começou o surto de coronavírus pretende construir um hospital dedicado só ao tratamento desta nova infeção respiratória e garante que a nova infraestrutura poderá estar pronta em seis dias.

A notícia é avançada nesta quinta-feira pela agência Reuters, que cita o “Beijing News” (ou “Notícias de Pequim”, em português), um jornal do Estado.

A publicação cita uma fonte anónima da empresa de construção que terá a obra a cargo.

A cidade de Wuhan está isolada. As pessoas têm ordem para se manter o mais possível em casa e toda a rede de transportes foi encerrada.

O mesmo acontece em Huanggang, situada a 65 quilómetros de Wuhan, e Ezhou também anunciou nesta quinta-feira ter encerrado as estações de comboio.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) fala numa medida “sem precedentes na história da saúde pública”, que demonstra “o compromisso [das autoridades chinesas] na contenção da epidemia”.

Vacina em investigação

Três equipas diferentes começaram a investigar a produção de possíveis vacinas contra o coronavírus. Segundo a Coligação para a Preparação Inovadora contra Epidemias (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations – CEPI, na sigla em inglês), o objetivo é que pelo menos uma vacina chegue aos ensaios clínicos até junho.

A investigação é conduzida pelo laboratório Moderna, também fabricante de vacinas, que trabalha em cooperação com o Instituto Norte-Americano para as Alergias e Doenças Infecciosas (pertencente à Inovio Pharma) e a equipa de investigadores da Universidede de Queensland, na Austrália.

Cada um dos três projetos de investigação irá testar uma abordagem distinta ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus que apareceu na China – conhecido como nCoV-2019.

“Não há garantias de sucesso, mas esperamos que este trabalho possa representar um importante e significativo passo para a produção de uma vacina contra a doença”, afirma o chefe executivo da CEPI, Richard Hatchett, citado pela agência Reuters.

Cidade Proibida de Pequim encerrada

A Cidade Proibida de Pequim, classificada como Património Mundial desde 1987, foi encerrada pelas autoridades chinesas por causa da epidemia do coronavírus.

Segundo um comunicado do museu citado pela AFP, o antigo palácio imperial vai fechar as suas portas a partir de sábado para “evitar os contágios ligados aos agrupamentos de visitantes”.

O Palácio Imperial das Dinastias Ming e Qing em Pequim, conhecido por Cidade Proibida, foi construído entre 1406 e 1420 pelo imperador Zhu Di, tendo sido visitado por 19 milhões de pessoas em 2019.

Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.

O Comité de Emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) deverá fazer uma conferência de imprensa nesta quinta-feira, às 18h00, para anunciar se declara emergência de saúde pública internacional.

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