18 out, 2019 - 11:34 • Beatriz Lopes
O conselheiro das Relações Exteriores do Governo da Catalunha, Alfred Bosch, demarca-se dos protestos violentos que se têm verificado na região, mas reafirma o objetivo da luta pela independência e a convicção de que a realização de um referendo é uma pretensão legítima.
"Nós temos um sonho, o sonho da República Catalã. Achamos que com uma república teríamos um instrumento para melhorar o bem-estar, a economia e a qualidade democrática na Catalunha. Legitimamente, estamos a pedir para votarem democraticamente para que as pessoas decidam se querem ou não ficar no Reino de Espanha", diz Alfred Bosch à Renascença.
Bosch diz ter uma certeza: mandar opositores políticos para a prisão não é solução, mas não deixa de condenar a onda de violência em curso. "Temos condenado a violência, temos dito 'não' à violência e também temos dito 'ão' às sentenças [aos líderes independentistas] que condenam nove pessoas a cem anos de cadeia. Isso não é forma de resolver a situação, só vai piorar a questão", sublinha.
O conselheiro das Relações Exteriores da Catalunha acredita que a saída do impasse gerado entre o governo catalão e o governo central de Madrid está no diálogo e, por isso, critica a indisponibilidade do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez: "Temos que falar, temos que achar uma saída democrática para esta questão. O problema é que, sentados à mesa, não temos ninguém do outro lado. Ninguém do governo espanhol se senta na cadeira para falar connosco. É lá que está o problema."
A imprensa catalã vai dando conta da preocupação dos empresários com a economia da região e a questão que por cá se coloca é se Portugal sairá imune. Espanha representa 26% das exportações portuguesas e a Catalunha é a segunda comunidade que mais importa bens e serviços de Portugal, mas Alfred Bosch mostra-se optimista.
"Nos últimos sete anos, temos vivido um processo para reclamar a autodeterminação da Catalunha. Um processo massivo, pacífico e cívico. Nos anos em que isto aconteceu, a economia cresceu, o Produto Interno Bruto catalão cresceu, os investimentos estrangeiros cresceram, o desemprego diminui e isso tudo está a acontecer em paralelo: as questões relacionadas com o processo catalão não afetaram a economia, parece até que foi o contrário que aconteceu."