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"Absurdo" e "vergonhoso". Palestina e Hezbollah criticam plano de paz de Trump para o Médio Oriente

28 jan, 2020 - 22:51 • Redação com Lusa

O documento de 80 páginas apresentado pelo Presidente dos EUA propõe, entre outras coisas, um estado palestiniano "desmilitarizado" e anuncia Jerusalém como "a capital indivisível de Israel".

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O Presidente da Palestina considerou o plano de paz para o Médio Oriente do Presidente norte-americano Donald Trump como "absurdo" e o movimento Hezbollah considerou-o uma "tentativa de eliminar os direitos do povo palestiniano".

O Presidente dos EUA, Donald Trump, apresentou esta terça-feira na Casa Branca a sua "visão" para um plano de paz no Médio Oriente, falando de "solução realista de dois estados" e anunciando Jerusalém como "a capital indivisível de Israel", numa proposta que Netanyahu classificou como "excecional" e os palestinianos rejeitam liminarmente.

Horas depois da apresentação do plano, o Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou-o, reiterando que o seu estado continua comprometido em acabar com a ocupação israelita e estabelecer a sua capital em Jerusalém Oriental. "Não nos ajoelharemos e não nos renderemos", disse Abbas, acrescentando que os palestinianos irão resistir às intenções norte-americanas e israelitas através de "meios pacíficos e populares".

Já no domingo, Abbas se tinha insurgido contra as primeiras informações sobre o teor do plano, apelando à comunidade internacional para se unir contra o programa.

Também o grupo militante islâmico que governa a zona de Gaza rejeita o que considera ser a "conspiração norte-americana", dizendo que "todas as opções permanecem em aberto", na luta contra o plano de paz hoje anunciado.

O estado da Palestina já recebeu a simpatia do movimento libanês Hezbollah, que chamou ao plano de paz "um mercado de vergonha", dizendo que se trata de uma "tentativa de eliminar os direitos do povo palestiniano, históricos e legítimos". "O plano americano é um passo muito perigoso que terá sérias repercussões no futuro da região e dos seus povos", disse o Hezbollah, em comunicado.

O Irão também já reagiu ao anúncio do plano de paz, dizendo que ele está "condenado ao fracasso". O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão disse, em comunicado, que os iranianos estão disponíveis para combater a proposta norte-americana. "Independentemente das divergências [que o Irão possa ter com] certos países da região, estamos prontos para cooperar a todos os níveis na luta contra essa grande conspiração contra a comunidade de crentes no Islão", explica o comunicado.

A Turquia junta a sua voz aos críticos do plano, rejeitando-o e descrevendo-o como "um plano de anexação que visa matar a solução de dois estados e usurpar terras palestinianas". Numa declaração escrita, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia diz que "os palestinianos e as suas terras não podem ser comprados com dinheiro" e que o seu Governo "não aceitará nenhum plano que não seja aceite pela Palestina". "A paz não pode chegar ao Médio Oriente sem o fim da ocupação (israelita)", conclui a diplomacia turca, com fortes palavras contra os Estados Unidos.

Na cerimónia de apresentação, Trump referiu-se ao plano de paz como "a minha visão", dizendo que se outras soluções falharam no passado, por serem "muito leves", a sua sucederá, porque assenta num longo documento de 80 páginas e é "a mais arrojada". O plano de paz propõe um estado palestiniano "desmilitarizado", que "viva em paz ao lado de Israel".

Trump já utilizou a sua conta pessoal na rede social Twitter para dizer que, apesar das críticas que têm sido feitas por líderes palestinianos ao programa, acusando-o de ser demasiado benevolente para com os interesses israelitas, ele tem tudo para ser bem sucedido e mostrou-se disponível para acompanhar o processo em todas as suas fases.

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