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Estudo

Período de incubação do coronavírus pode durar até 24 dias

11 fev, 2020 - 08:40 • Anabela Góis (entrevista) e agência Lusa

A conclusão é de um estudo que envolve 37 investigadores. À Renascença, o infeciologista Filipe Froes diz que a classe médica ainda está "a conhecer a doença”.

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O período de incubação do novo coronavírus pode prolongar-se até 24 dias, e não 14 como se apurou anteriormente, segundo um estudo publicado nesta terça-feira e realizado por 37 pesquisadores, incluindo o proeminente epidemiologista chinês Zhong Nanshan.

O portal de notícias chinês Caixin divulgou as conclusões do último rascunho da investigação, que mostra que a febre – um dos primeiros sintomas – se manifestava em apenas 43,8% dos pacientes na sua primeira visita ao médico.

"A ausência de febre é mais frequente [entre os pacientes analisados] do que na Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SARS ou pneumonia atípica) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), portanto, a deteção dos casos não pode focar-se na medição da temperatura", lê-se no texto.

O mesmo sucede com a tomografia computadorizada, que deteta apenas sintomas de possível infeção em metade dos casos analisados, acrescenta.

A amostra do estudo incluiu 1.099 pacientes do novo coronavírus, diagnosticados até 29 de janeiro em 552 hospitais, em 31 sítios diferentes da China e com uma idade média de 47 anos, na sua maioria mulheres (41,9%).

Entre os pacientes – 26% não estiveram recentemente em Wuhan, o epicentro da epidemia, ou tiveram contacto com pessoas de lá – o período médio de incubação do vírus foi de três dias, mas houve também casos com um período de 24 dias.

O estudo também revela que o coronavírus "tem uma taxa de mortalidade relativamente menor do que a SARS e a MERS".

"Ainda estamos perante o desconhecido"

A descoberta dos investigadores chineses “significa que ainda estamos a conhecer a doença, que ainda não conhecemos todas as suas características epidemiológicas, que temos de manter um elevado nível de precaução e que temos de tentar, sobretudo, caracterizar quais os fatores que estão associados a essas características”, diz à Renascença o infeciologista Filipe Froes.

“Ainda estamos perante muito desconhecido e muitos dados imprevisíveis e isso obriga-nos a manter uma atenção, uma precaução e uma preparação diferentes”, sublinha.

A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil pessoas infetadas, segundo o balanço divulgado nesta terça-feira.

Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.

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