11 fev, 2020 - 01:09 • Lusa
O uso intensivo de telemóveis e de redes sociais está associado a um aumento dos problemas mentais, comportamentos de automutilação e suicídio entre os jovens, segundo um estudo canadiano que mostra que o fenómeno afeta mais as raparigas.
Uma equipa de investigadores de um hospital infantil em Toronto publicou esta segunda-feira, na revista “Canadian Medical Association Journal” (CMAJ), um estudo que reafirma os efeitos nocivos do uso das redes sociais entre os jovens.
As doenças mentais, os comportamentos auto-lesivos e as tentativas de suicídio aumentaram nos últimos anos entre a população adolescente.
Existe uma relação entre estes fenómenos e o uso excessivo das redes sociais e "os efeitos parecem ser maiores entre as raparigas", refere o estudo que está disponível na página na internet da CMAJ.
O estudo agora divulgado, na véspera do Dia da Internet Mais Segura, que se assinala esta terça-feira, é baseado na revisão sistemática de outros 20 estudos que foram realizados nos últimos anos com crianças e adolescentes de vários países.
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Os investigadores do hospital infantil Sick Kids, em Toronto, analisaram os dados sobre o uso de telemóveis e internet que alertam para as redes sociais poderem afetar a forma como os adolescentes se veem, assim como as relações que criam com quem os rodeia.
As comparações sociais e as interações negativas, incluindo o 'bullying', foram alguns dos problemas detetados.
Além disso, continua o estudo, em alguns casos as redes sociais passam a ideia de uma "normalização da automutilação e do suicídio entre os jovens".
Outras das consequências do uso excessivo destas tecnologias são a privação do sono e a diminuição da performance académica.
"São precisas campanhas públicas de consciencialização assim como políticas sociais que promovam ambientes domésticos e escolares que aumentem a resiliência dos jovens enquanto navegam nos desafios da adolescência do mundo de hoje", defende o estudo.
Em Ontário, a percentagem de adolescentes identificados como tendo problemas de saúde mental tem vindo a aumentar: em 2013 eram 24%, subiu para 34% em 2015 e chegou aos 39% em 2017.
Também as consultas e admissões de crianças e jovens nos serviços de saúde por questões de saúde mental aumentaram um pouco por todo o país.
Os investigadores sublinham ainda que o problema afeta mais as raparigas: os casos de automutilação feminina dispararam entre 2009 e 2014, tendo-se registado um aumento de 110%.
No Canadá, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os jovens, uma realidade que se repete noutros países. Nos Estados Unidos da América, as tentativas e ideias suicidas entre as crianças e adultos quase duplicaram entre 2008 e 2015. Também na América, o fenómeno tem mais impacto entre as raparigas.
Outros dois estudos - um realizado por investigadores americanos e outro por alemães - mostraram que os alunos que passam mais tempo no Facebook acabam por ter inveja dos amigos e a sensação de os outros terem invariavelmente uma vida melhor.
Se os investigadores não têm dúvidas de que o uso excessivo de 'smartphones' e muitas horas nas redes sociais são prejudiciais para os jovens, o mesmo não se pode dizer dos jogos 'online': "Não foram encontradas evidências" dos efeitos negativos deste tipo de atividades.