27 fev, 2020 - 17:53 • Celso Paiva Sol
As autoridades da Catalunha lembraram, esta quinta-feira, o 25 de Abril de 1974, enquanto inspiração para a luta democrática rumo à independência.
Na reabertura da delegação oficial da Generalitat, o governo regional catalão, em Lisboa - que, como todas as outras, tinha sido encerrada em 2017 por força da invocação do artigo 155 da constituição espanhola, que suprime a autonomia - o conselheiro para as relações externas da Catalunha, Alfred Bosch, lembrou a mudança que os portugueses conseguiram em 1974.
“Em frente ao Parlamento de Portugal, entoaram o Grândola Vila Morena e diziam' na terra na fraternidade, o povo é quem mais ordena'. Para nós, catalães, este espírito democrático português é um espírito que partilhamos. Por isso é que para alem das relações económica, empresarial, cultural e turística, achamos que deve ser fortalecida uma relação institucional, política, e de valores democráticos”.
Com a reabertura das delegações – tanto em Portugal, como em vários outros países – a Catalunha volta a ter representações diplomáticas para desenvolver contactos políticos, empresariais e culturais.
Uma atividade que ainda não é totalmente livre, o que leva Alfred Bosch a citar também Fernando Pessoa. “Como dizia Fernando Pessoa não se sente a liberdade, se nunca se viveu oprimido. A repressão também serve para valorizar ainda mais a liberdade, que deve ser conjunta e partilhada por todos os povos do Mundo, e da Europa, sem dúvida”.
A inauguração da delegação da Catalunha em Lisboa contou com a presença de Quim Torra, o Presidente da Generalitat, que ontem voltou a reunir com o primeiro-ministro Pedro Sánchez, no âmbito do novo processo negocial entre as duas partes.
Quim Torra faz um balanço ambíguo dessas conversas com Madrid.
“Pelo menos no meu caso, é a quarta vez que reúno com o primeiro-ministro Pedro Sánchez, e continuo sem perceber qual é a posição do Governo espanhol”, diz.
“A posição do Governo da Catalunha é muito clara: queremos o exercício à autodeterminação, formulado num referendo que permita a todos os cidadãos da Catalunha decidir o seu futuro político democraticamente.”
“Por outro lado”, conclui, “queremos a amnistia, o fim da repressão, e a reparação de tudo o que aconteceu”.