08 mar, 2020 - 09:29 • Redação com Lusa
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O Governo italiano decidiu pôr de quarentena mais de um quarto da população do país, numa tentativa de evitar a expansão do novo coronavírus (Covid-19). O decreto foi assinado pelo primeiro-ministro, Giuseppe Conte, às primeiras horas da manhã deste domingo, depois de 1.200 casos de infeção terem sido confirmados em 24 horas.
Segundo números oficiais atualizados no domingo à tarde, há 7.375 pessoas infetadas pelo novo coronavírus em Itália e 366 pessoas já morreram na sequência do contágio no país, numa altura em que quase 100 nações estão agora a lidar com surtos.
O decreto assinado por Conte coloca toda a região da Lombardia de quarentena, onde vivem mais de 10 milhões de pessoas e onde fica a capital financeira do país, Milão, bem como uma série de outras províncias, abarcando cerca de 16 milhões de residentes.
Sob o decreto, as autoridades têm poderes para multar quem for apanhado a entrar ou a sair da região da Lombardia até 3 de abril. Na prática, a medida encerra todos os museus, teatros e cinemas em todo o território até esse dia, para combater a propagação do novo coronavírus, de acordo com um despacho divulgado esta madrugada.
Para além destas medidas, o despacho, agora divulgado no site do Governo, determina o encerramento de pubs, salas de jogos, escolas de dança, discotecas e outros locais semelhantes, em todo o território nacional.
Por outro lado, ainda será possível fazer compras durante a semana ou ir a um bar ou restaurante, desde que seja respeitada a distância de segurança de pelo menos um metro entre os clientes.
O decreto também estabelece a suspensão de todos os eventos desportivos, exceto aqueles com atletas profissionais que serão disputados à porta fechada.
Horas antes, para anunciar a assinatura do despacho, o primeiro-ministro italiano confirmou a proibição de entradas e saídas de Lombardia, cuja capital é Milão, e Modena, Parma, Placência, Reggio Emilia, Rimini, Pesaro, Urbino, Veneza, Pádua, Verbano Cus- Osola, Treviso, Vercelli, Novara, Asti e Alexandria.
A medida de quarentena, imposta até 03 de abril, similar à que foi tomada em janeiro na província chinesa em Hubei, pode afetar cerca de 16 milhões de pessoas.
Giuseppe Conte apareceu às 02:30 horas diante dos jornalistas para explicar que o decreto é difícil, mas necessário para “conter a propagação do contágio”.
“Ao mesmo tempo, devemos reagir para não sobrecarregar os hospitais", frisou o primeiro-ministro italiano.
“Não podemos mais permitir que as pessoas sejam infetadas”, sublinhou.
"Essas medidas causarão situações problemáticas, mas este é o momento de responsabilidade e não de preparação. Devemos proteger a nossa saúde, especialmente a dos nossos avós", afirmou.
“Assumimos total responsabilidade política por esta decisão. Estamos convencidos de que essa emergência será superada”, garantiu Giuseppe Conte.
Perante o crescimento exponencial de casos, as autoridades da Lombardia tinham solicitado ao Governo para reforçar as medidas com o objetivo de minimizar o surto.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou cerca de 3.600 mortos entre mais de 105 mil pessoas infetadas numa centena de países e territórios.
Das pessoas infetadas, cerca de 60 mil recuperaram.
Em Portugal, estão confirmados 21 casos de infeção e o Governo anunciou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte.
Foram também encerrados temporariamente alguns estabelecimentos de ensino secundário e universitário.
A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que o risco da epidemia em Portugal poderá ser reavaliado nas próximas horas, e levar à adoção de novas medidas excecionais.
[atualizado domingo, dia 8, às 17h50]