07 mar, 2020 - 12:09 • Agência Lusa
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, vai estar na próxima semana em Bruxelas, anunciou o seu gabinete numa altura de tensão entre a Turquia e a União Europeia por causa dos migrantes e refugiados.
O comunicado divulgado este sábado pelo gabinete de Erdogan refere apenas que o Presidente chegará a Bruxelas na próxima segunda-feira, não especificando onde estará durante a visita de dia e meio nem a natureza do trabalho que o leva à capital belga, onde se situa a sede da União Europeia (UE).
Nos últimos dias, a tensão entre Ancara e Bruxelas aumentou após a Turquia ter anunciado a abertura de fronteiras para deixar passar migrantes e refugiados para a UE, ameaçando falhar os compromissos assumidos com a Europa.
Alguns migrantes viajaram cerca de 1.300 km desde (...)
A UE e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se comprometia a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira.
Erdogan lembrou que a Turquia abriga mais de 3,5 milhões de refugiados sírios e anunciou que iria deixar de ser a guardiã da Europa.
As declarações foram veementes criticadas pelos chefes da diplomacia da UE, que lamentaram o “uso político de migrantes” e pediram a Ancara que não quebrasse os compromissos no acolhimento de refugiados.
“Rejeitamos o uso político de migrantes por parte da Turquia”, afirmou na sexta-feira o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa após uma reunião dos responsáveis pela diplomacia comunitária, num encontro que decorreu na Croácia.
A Grécia é o país que mais sente a pressão migratória nas suas fronteiras externas com a Turquia, um problema que afeta a Bulgária e o Chipre.
De acordo com Augusto Santos Silva, no Conselho de Negócios Estrangeiros de hoje resultou uma manifestação de “solidariedade com a Grécia e também com o Chipre, a Bulgária e outros Estados-membros que estão sujeitos a uma pressão migratória adicional no seu esforço de preservar as suas próprias fronteiras e também a fronteira externa na UE”.