10 mar, 2020 - 06:30 • Redação com agências
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Uma equipa de investigadores da Escola de Saúde Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos, analisaram notícias, relatórios de saúde pública e comunicados de imprensa de 50 províncias, regiões e países fora da cidade chinesa de Wuhan, epicentro da doença, para estimar a duração do período de incubação, o tempo da exposição e o início de sintomas do SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença Covid-19.
Encontraram informações sobre 181 casos confirmados com exposição identificável e informação sobre início de sintomas.
Com base nos dados disponíveis, foi estimado que o período mediano de incubação da Covid-19 é de 5,1 dias e que 97,5% dos doentes terão desenvolvido sintomas no prazo de 11,5 dias após a infeção.
"Estas estimativas implicam que, com pressupostos conservadores, 101 em cada dez mil casos desenvolverão sintomas durante 14 dias de monitorização ativa ou quarentena, o que apoia as recomendações atuais" dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) para monitorizar ativamente os pacientes durante 14 dias após exposição assumida ao novo coronavírus, refere o estudo publicado na revista “Annals of Internal Medicine”
Esta é uma distância acima dos 1 a 2 metros recomendados como distância segura.
As conclusões constam de um estudo do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Província de Hunan, divulgadas pelo jornal chinês South China Morning Post (SCMP).
Na sua base está a análise a um caso concreto que se registou a 22 de janeiro, num autocarro que efetuava um percurso de longa distância e onde seguia um paciente infetado com Covid-19. Segundo o epidemiologista que liderou a investigação, esse doente não interagiu com nenhum dos outros passageiros e, no entanto, terá infetado oito das pessoas que seguiam a bordo, inclusivamente algumas que estavam a 4,5 metros de distância do seu lugar.
“Podemos confirmar que, num ambiente fechado com ar condicionado, a distância de transmissão do novo coronavírus deverá ser maior do que a distância habitualmente considerada de segurança”, pode ler-se no estudo citado pelo jornal.
A mesma investigação revela que o vírus presente em gotículas pode sobreviver dois a três dias em superfícies de materiais como vidro, metal, plástico ou papel. Contudo, essa duração depende de algumas condições, como o tipo de superfície e a temperatura: os 37.º são apontados como a temperatura ótima para a sobrevivência deste tipo de coronavírus.
Zhong Nanshan, chefe da equipa de médicos especialistas designados pelo Governo chinês para combater o surto do Covid-19, disse que a doença continuará a alastrar-se pelo mundo até pelo menos junho próximo.
Numa conferência de imprensa em Cantão, sul da China, Zhong disse que o "foco na prevenção e controlo do vírus" passará para a importação de infeções oriundas do exterior, à medida que o surto se alastra por mais de uma centena de países.
O pneumologista de 83 anos disse ainda que a China prestará assistência a países onde o vírus está a propagar-se rapidamente, incluindo experiência em proteção e tratamento médico.
"Estima-se que o desenvolvimento do surto global perdurará até pelo menos junho próximo", disse Zhong, que desempenhou um papel importante no combate ao surto da Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SARS), ou pneumonia atípica, que atingiu o país entre 2002 e 2003.
O surto de Covid-19 detetado em dezembro na China já provocou mais de quatro mil mortos e infetou cerca de 114 mil pessoas em 101 países e territórios. Segundo o último balanço, mais de 64 mil pessoas recuperaram da doença.
Em Portugal, existem 39 casos confirmados de coronavírus, ambos em estado considerado estável. Há um total de 339 casos suspeitos que aguardam o resultado dos exames.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) tem um microsite com múltiplas informações sobre a doença e recomenda, como principais medidas de prevenção, a frequente lavagem de mãos. Em caso de possível contágio, a indicação é ligar para o SNS 24 (808 24 24 24) e evitar deslocações aos serviços de saúde.