15 mar, 2020 - 23:38 • Agência Lusa
O rei de Espanha, Felipe VI, anunciou este domingo que renuncia a qualquer futura herança a que tenha direito do seu pai, o rei emérito Juan Carlos, depois de serem reveladas supostas irregularidades financeiras envolvendo o ex-monarca.
A Casa Real espanhola publicou um comunicado em que informa que, para além de renunciar à sua herança, Felipe VI também retira a Juan Carlos as ajudas de custo anuais que este recebia.
Esta decisão foi tomada numa altura em que várias notícias publicadas este fim de semana dão conta de que Filipe VI é o beneficiário de uma empresa “offshore”, criada por Juan Carlos quando ainda era soberano, através de uma doação de 65 milhões de euros da Arábia Saudita.
O Ministério Público suíço estaria a investigar o envolvimento de Juan Carlos na intermediação em vários negócios, entre eles um contrato ganho por um consórcio espanhol para construir a ligação de comboio de alta velocidade que liga Meca a Medina, na Arábia Saudita.
Perante as notícias, a Casa Real recorda as palavras de Felipe VI no seu discurso de proclamação de 19 de junho de 2014, quando afirmou que a Coroa devia zelar pela dignidade da instituição, preservar o seu prestígio e observar uma conduta correta, honesta e transparente, como convém à sua função institucional e responsabilidade social.
Na semana passada, a mesa do parlamento espanhol rejeitou os pedidos de criação de uma comissão de inquérito para investigar se o rei emérito espanhol, Juan Carlos, recebeu as comissões de que é suspeito, por parte da Arábia Saudita.
As propostas de abertura da investigação foram feitas pela formação de extrema-esquerda Unidas Podemos, que está coligado no Governo minoritário com o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), e por outros partidos regionais mais pequenos, incluindo dois independentistas catalães.
O PSOE juntou-se aos partidos da oposição de direita, PP (Partido Popular) e Vox (extrema-direita) para votar contra as propostas, depois de os serviços de apoio jurídico do parlamento terem considerado que tal investigação era inconstitucional.
Juan Carlos, de 82 anos, tornou-se rei em novembro de 1975 e foi o chefe de Estado espanhol até à sua abdicação, a favor do filho, em junho de 2014.
Felipe VI, de 52 anos, nega qualquer conhecimento ou envolvimento neste caso.