17 mar, 2020 - 23:06 • Lusa
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Uma empresa biofarmacêutica canadiana anunciou nesta terça-feira ter criado uma potencial vacina para o novo coronavírus e espera começar os testes em humanos já no verão.
A Medicago vai sujeitar uma partícula semelhante ao vírus a “testes pré-clínicos de segurança” e conta “iniciar os testes da vacina em humanos no verão de 2020”.
O processo para chegar à vacina começou com a identificação do gene do vírus que causa a doença Covid-19. Mas, em vez de injetar o vírus em ovos para este se propagar, como outras empresas farmacêuticas, esta empresa não usa um vírus vivo – introduz a sequência genética do vírus numa bactéria encontrada no solo, que é absorvida por plantas da família da planta do tabaco.
Depois disso, a planta começa a produzir uma proteína que pode ser usada como vacina, que pode acompanhar eventuais mutações do vírus usando plantas novas.
A Comissão Europeia disse nesta terça-feira esperar que a potencial vacina para o novo coronavírus que está a ser criada por um laboratório alemão esteja no mercado até ao outono.
Falando aos jornalistas em Bruxelas, após uma videoconferência com os líderes da União Europeia (UE) sobre a pandemia de Covid-19, Ursula von der Leyen vincou que a CureVac, uma empresa de Tübingen (Alemanha), “é altamente especializada neste campo”.
“E estimativa que temos é que, no outono, possa ter uma vacina que combata o coronavírus”, avançou.
Questionada sobre o curto prazo, Ursula von der Leyen garantiu procedimentos mais rápidos do lado dos reguladores: “como estamos numa severa crise, podemos acelerar os processos que, normalmente, são mais lentos e demoram mais tempo por serem muito burocráticos”.
“Seria muito importante para nós [produzir esta vacina] porque é uma empresa europeia, que queremos manter na Europa e que quer ficar na Europa”, acrescentou.
Horas antes, através de um vídeo publicado na rede social Twitter, Ursula von der Leyen anunciou esperar que a potencial vacina para o novo coronavírus que está a ser pela biofarmacêutica CureVac esteja no mercado até ao outono, podendo “salvar vidas dentro e fora da Europa”.
Na segunda-feira, a Comissão Europeia anunciou um apoio de até 80 milhões de euros a este laboratório alemão, após uma alegada oferta da administração norte-americana, desmentida pela biofarmacêutica.
A instituição liderada por Ursula von der Leyen explicou que a verba seria atribuída sob a forma de uma garantia da UE a um empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) neste valor, no âmbito do mecanismo de financiamento de doenças infecciosas InnovFin e do programa comunitário para a investigação Horizonte 2020.
A informação foi divulgada depois de, também na segunda-feira, a CureVac ter negado haver recebido uma oferta do Governo dos EUA para reservar a sua descoberta para os norte-americanos.
No domingo, o jornal alemão “Welt am Sonntag” citava fontes não identificadas do Governo alemão que asseguravam que o dono da CureVac, uma empresa farmacêutica, tinha participado numa reunião com o Presidente Donald Trump, no início do mês, tendo recebido uma generosa oferta para garantir o seu trabalho em exclusivo para os Estados Unidos.
O jornal dizia ainda que a chanceler alemã, Angela Merkel, estaria a disputar com a empresa a necessidade de a vacina, quando estiver pronta, ser igualmente utilizada na Europa, que é neste momento o principal foco da pandemia.
Presidente norte-americano, Donald Trump, é acusad(...)
“Para que fique claro sobre o coronavírus: a CureVac não recebeu uma oferta do Governo dos Estados Unidos ou de entidades com ele relacionadas, antes, durante ou desde a reunião com a ‘task-force’ da Casa Branca, no dia 02 de março”, escreveu o diretor do laboratório alemão, na conta da empresa na rede social Twitter.
O diretor de operações da CureVac, Hans Werner Haas, disse ao jornal “Tagesspiegel” que a sua empresa tinha realmente participado numa reunião com o Presidente Donald Trump, mas desmentiu a versão de uma qualquer oferta para a compra dos direitos do novo produto.
A Comissão Europeia lançou nesta terça-feira um painel consultivo composto por epidemiologistas e virologistas de diversos Estados-membros, cuja missão será formular as diretrizes da UE para uma resposta médica coordenada ao surto do novo coronavírus.
O painel, criado na sequência de um mandato dado pelos Estados-membros e que será presidido por Urusula von der Leyen, é formado por especialistas da Alemanha (dois), França, Dinamarca, Holanda, Bélgica e Itália, que atuarão de forma independente e a título pessoas.
Três agências, designadamente o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, a Agência Europeia dos Medicamentos e o Centro de Coordenação de Respostas de Emergência, participarão como observadores.
A primeira reunião do painel terá lugar já na quarta-feira.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7.800 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 81 mil recuperaram da doença.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou nesta terça-feira o número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
Do total de infetados, três já recuperaram.