18 mar, 2020 - 20:47 • Lusa
O ministro do Interior francês, Christophe Castaner, disse esta quarta-feira que, nas primeiras 36 horas de quarentena reforçada, a polícia multou mais de 4.000 pessoas por circularem na rua sem apresentarem a declaração justificando o motivo.
"O nosso objetivo não é sancionar, é proteger os franceses e a melhor maneira de os proteger é convencê-los a ficar em casa, mas temos de ter um elemento de pressão e é por isso que a polícia está mobilizada", indicou o governante numa entrevista esta noite na televisão francesa.
Para circular na via pública, os franceses precisam de se fazer acompanhar de uma declaração, disponível no site do Ministério do Interior, que eles próprios preenchem e onde justificam a saída, declarando por sua honra que não estão a violar as regras em vigor, e que terão de mostrar se abordados pelas autoridades.
Segundo Castaner, a polícia passou mais de 4.095 multas, que começam nos 135 euros e podem chegar quase a 400, em todo o país. As multas podem ser aplicadas caso as pessoas estejam na rua e não apresentem uma justificação para a sua deslocação - os franceses podem sair de casa para trabalhar, ir às compras, ao médico, prestar serviço a um familiar dependente e fazer curtas sessões de exercício físico - ou caso esta esteja mal preenchida.
"Podemos sair, porque não vamos ficar sempre fechados, mas evitamos fazê-lo em grupo. Não vamos jogar futebol com os nossos amigos. Se for necessário, vamos sancionar mais", avisou o ministro.
Para sair, é preciso ter a declaração em papel e preenche-la todos os dias, assinando-a. Este método é muito contestado porque muitas pessoas não têm impressora em casa, no entanto, o ministro recusou a ideia de ter o documento no telefone.
"Desde logo, as empresas que distribuiriam o justificativo aproveitariam para se apropriar dos dados dos utilizadores. Depois queremos evitar que as pessoas manipulem os telefones e para mostrar aos polícias, podiam estar a contagiá-los”, lembrou.
Apesar de todos os espaços comerciais não alimentares estarem fechados, os mercados a céu aberto continuam abertos, com alguns a serem ainda muito frequentados. O ministro sugeriu aos autarcas, que regulam estes mercados, que proíbam vendedores cuja mercadoria não é alimentar e assegurarem-se que as medidas de segurança sanitária estão a ser cumpridas.
A França tem atualmente 9.134 casos de Covid-19 e 264 pessoas já morreram do vírus.