19 mar, 2020 - 00:31 • Filipe d'Avillez com Lusa
O ministro da Educação britânico anunciou na quarta-feira o encerramento das escolas a partir de sexta-feira à tarde por tempo indeterminado, no âmbito da pandemia do coronavírus Covid-19.
“Isto será para todas as crianças, exceto os filhos de funcionários públicos e as crianças mais vulneráveis”, indicou Gavin Williamson no parlamento, especificando que os filhos de profissionais de saúde, polícias e de motoristas de entregas sem alternativa poderão ficar na escola durante o horário de trabalho.
Crianças com apoio social poderão continuar a ter apoio nas escolas, e outras vão ter acesso a refeições através de um sistema de senhas.
“A situação tornou-se difícil e o parecer científico é que o funcionamento das escolas deixou de ser no melhor interesse de professores e alunos”, disse Williamson, que admitiu que "o pico do vírus está a aumentar de forma mais rápida do que era esperado”.
Nos últimos dias, muitas escolas encerraram ou funcionaram parcialmente devido à ausência de professores e de alunos, fundindo turmas e organizando atividades em conjunto.
Esta tarde, os governos autónomos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte já tinham anunciado o encerramento das escolas nas respetivas regiões, mas depois o Governo decretou que seria mesmo uma medida nacional.
“É cada vez mais claro que as escolas estão a ter dificuldade em continuar a funcionar com normalidade, à medida que a doença e auto-isolamento afeta o número de funcionários e de alunos”, admitiu o ministro da Educaçao, Gavin Williamson.
Maria João Ventura, uma portuguesa que vive em Londres com o seu marido, também português, e três filhos, acolheu bem a notícia mas reconhece que tem a vida facilitada, uma vez que tanto ela como o marido já tinham combinado trabalhar a partir de casa.
“Quanto ao resto da população, não deve ser muito difícil adaptarem-se. A verdade é que o teletrabalho já era uma realidade muito mais comum no Reino Unido do que em Portugal”, diz, em declarações à Renascença.
No seu caso, embora a decisão só tenha sido tomada na quarta-feira, diz que há mais de uma semana que já tinham sido alertados pela escola para se prepararem para esta eventualidade, uma vez que a decisão poderia vir a ser tomada de um dia para o outro.
“E nos trabalhos, independentemente do que o Governo dizia, as pessoas olhavam para o que estava a acontecer nos outros países da Europa e já se estavam a preparar”, conclui.
De acordo com os números disponibilizados hoje, o número de mortes chegou às 104 no Reino Unido, tendo sido identificados 2.626 casos positivos com coronavírus Covid-19 entre 56.221 pessoas testadas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.
A China registou nas últimas 24 horas 11 mortos e 13 novos casos infeção pela Covid-19, mas só um é de Wuhan, todos os outros 12 são importados.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
No total, desde o início do surto, em dezembro passado, as autoridades da China continental, que exclui Macau e Hong Kong, contabilizaram 80.894 infeções diagnosticadas, incluindo 69.601 casos que já recuperaram, enquanto o total de mortos se fixou nos 3.237.
Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, o Irão, com 1.135 mortes (17.350 casos), a Espanha, com 558 mortes (13.716 casos) e a França com 175 mortes (7.730 casos).
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.