19 mar, 2020 - 16:47 • José Bastos
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O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, defende ser ‘inevitável’ prolongar, para depois de 3 de abril, a quarentena forçada do país com a manutenção do encerramento de lojas e escolas e assegura que as restrições à mobilidade dos cidadãos “estão a funcionar”, enquanto se combate o coronavírus.
“As medidas restritivas estão a produzir resultados e é claro que quando atingirmos o pico do contágio, espero que a breve prazo, não podemos voltar imediatamente à vida normal”, afirma Giuseppe Conte ao “Corriere della Sera”.
O primeiro-ministro de Itália diz ao jornal milanês acreditar que “as restrições à mobilidade terão evitado o colapso do sistema de saúde” e que as limitações vão ser prolongadas no tempo para evitar o contágio do novo coronavírus que já contagiou em território transalpino 35713 pessoas e provocou a morte a 2978, de acordo com o último balanço.
“Não é razoável dizer mais que isso neste preciso momento, mas resulta claro que não há mais remédio do que prolongar no tempo as medidas adotadas, como o encerramento de muitas actividades comerciais e individuais do país, assim como as que afetam as escolas”, disse Giuseppe Conte.
O governo italiano encerrou todas as lojas e estabelecimentos não essenciais do país até 25 de março e determinou restrições de movimentos aos cidadãos e o fecho de escolas e universidades até 3 de abril.
Ao jornal de Milão, Conte voltou a pedir a todos o respeito pelas disposições legais, evitando sair de casa e continuando com o confinamento coletivo, mas afastou, por agora “outras medidas restritivas de maior envergadura”. Mas o primeiro-ministro avisou que o governo vai atuar com determinação se os cidadãos desobedecerem às autoridades e saírem de casa em massa: “uma coisa é fazer isoladamente e durante pouco tempo desporto e outra é transformar o espaço público num ponto de reunião. Isso é inadmissível”.
Conte inscreveu as ações do governo italiano em quatro pilares: transparência, máximo rigor “ao não ter subestimado nada”, acerto nas medidas tomadas e, por último “proporcionalidade” porque o caso de Itália não é o mesmo da China.
“Sem proporcionalidade os italianos, habituados a um grande individualismo e às suas liberdades civis, não teriam suportado estas medidas, já que não estamos na China nem vivemos num estado centralizado”, sublinhou Giuseppe Conte.
Também em França, a diretora-geral de agência de saúde pública, Geneviève Chêne, reconheceu à France Info que “muito provavelmente” será necessário prolongar as duas semanas de confinamento decididas na terça-feira pelo presidente, Emmanuel Macron.
A França confirmou até agora 9130 infetados e 264 mortos pelo surto da Covid-19. Desde ontem, os cidadãos estão obrigados a permanecer nas suas residências salvo em casos especiais, numa tentativa de travar os contágios.
Geneviève Chêne admitiu que ainda haverá que “esperar entre duas ou quatro semanas” para avaliar uma alteração na dinâmica deste surto que na opinião da DGS francesa depende em grande medida do aceitação e cumprimento dos cidadãos das ordens determinadas pelos agentes públicos de saúde.