23 mar, 2020 - 18:29 • Marta Grosso
A OMS recordou, nesta segunda-feira, que não existem quaisquer conclusões científicas sobre as experiências que estão a ser feitas em muitos países, com medicamentos já existentes, para o tratamento da Covid-19.
“Reconhecemos que temos uma necessidade desesperada de medicamentos eficazes. Mas não existe, atualmente, qualquer tratamento que tenha provado ser eficaz” contra a doença, afirma o diretor-geral da organização.
“A realização de alguns pequenos estudos não é o suficiente para responder a todas as nossas questões”, sublinha.
“Ao usar-se fármacos não testados com a devida evidência científica pode fazer levantar falsas esperanças e prejudicar mais do que beneficiar, pois poderá causar falta de medicamentos essenciais no tratamento de outras doenças”, alerta ainda.
Tedros Adhanom Ghebreyesus refere-se aos fármacos que alguns países estão a utilizar em doentes infetados com o novo coronavírus e que já são usados no tratamento da malária e do Ébola. Os testes têm dado bons resultados, mas a comunidade científica alerta que não existe ainda qualquer conclusão sobre a utilização e o efeito de tais fármacos no tratamento da Covid-19.
A cloroquina é utilizada no tratamento da malária (...)
“Já foram reportados à OMS mais de 300 mil casos de Covid-19, existentes em quase todos os países do mundo. A pandemia está a acelerar. Foram necessários 67 dias para passar do primeiro caso reportado aos 100 mil, 11 dias para ais 100 mil e apenas quatro dias para atingirmos os três mil”, sublinha o diretor-geral da organização.
Tedros Adhanom Ghebreyesus considera, por isso, quem além de nos defendermos, temos de atacar.
“Não somos prisioneiros da estatística. Não somos observadores passivos. Podemos mudar a trajetória da pandemia. Os números são importantes porque não são apenas números, são pessoas cujas vidas e famílias se viraram do avesso”, destaca.
Ao ataque, então. “Para vencermos o novo coronavírus, temos de o atacar com táticas dirigidas e agressivas – testando cada caso suspeito, isolando e tratando cada caso confirmado e monitorizando e colocando de quarentena cada contacto próximo”, receita o diretor-geral da OMS.
Tedros Ghebreyesus diz ainda que “ficar em casa e outras medidas de distanciamento social são igualmente importantes para conter a propagação do vírus e comprar tempo”. Estas, diz, são medidas preventivas.
A Organização Mundial de Saúde lançou um serviço de alerta no WhatsApp, que serve também para tirar dúvidas sobre o novo coronavírus.
O serviço foi lançado na sexta-feira e conta já com 10 milhões de subscritores, anunciou hoje o diretor-geral da organização.
“O serviço @WHO Health Alert via WhatsApp informa sobre as últimas novidades da Covid-19, incluindo sintomas e como se proteger. Para subscrever, clique aqui http://bit.ly/who-covid19-whatsapp”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai pedir aos países do G20 que “trabalhem em conjunto” na luta contra a falta de meios para combater o novo coronavírus.
Os ministros das Finanças e os líderes dos bancos centrais das 20 maiores economias do mundo vão reunir-se, ainda nesta semana, através de videoconferência, para debater a crise financeira que a pandemia está a causar.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, irá fazer uma intervenção dirigida a todos, no sentido de pedir que “trabalhem em conjunto para aumentar a produção e assegurar uma distribuição equitativa” de material e equipamento clínico.
O pedido surge na sequência de alguns países estarem a demonstrar dificuldades em reagir à Covid-19 e, por isso, a relocalizar recursos de regiões menos afetadas internamente para aumentar a capacidade de resposta noutras, onde ela é mais urgente.
Mas este tipo de comportamento, avisa Tedros Ghebreyesus, pode ter efeitos indesejados, como o “esgotamento de material e equipamento clínico, essencial para a proteção e tratamento das pessoas”.
Há 167 áreas, países e territórios, infetados a ní(...)
Numa conferência de imprensa feita nesta segunda-feira em Genebra, através de um vídeo, o diretor-geral da OMS lembrou os números de mortos e infetados com o novo coronavírus e sublinhou: “para que os profissionais de saúde possam fazer o seu trabalho, têm de estar protegidos”.
“Se não dermos prioridade a estes profissionais na proteção contra a Covid-19, mais mortes irão ocorrer”, sustentou.
Em Portugal, há 165 profissionais de saúde infetados com Covid-19.