25 mar, 2020 - 16:25 • Sérgio Costa
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"O Presidente deve ser mandatário para liderar o país e não para dividir". O reparo, feito pelo governador de São Paulo, João Dória, expressa a indignação com a declaração de Jair Bolsonaro na qual o Presidente brasileiro voltou a desvalorizar os efeitos do coronavírus.
Bolsonaro reuniu-se em videoconferência com governadores do sudeste do país e foi confrontado com duras críticas sobre a atuação do governo federal naquela que é considerada pelos próprios governadores "a mais grave crise de saúde pública " que o Brasil já enfrentou.
Durante o anúncio, esta terça-feira à noite, Bolsonaro apelou ao regresso a uma vida normal, garantindo que o Governo está a fazer o necessário para enfrentar um vírus que "brevemente passará", e criticou o confinamento social imposto pelos governos estaduais.
Na ocasião, vários brasileiros protestaram contra Bolsonaro, fazendo barulho às janelas e varandas das suas casas.
A videoconferência desta quarta-feira de manhã, ficou marcada por uma acesa discussão entre Bolsonaro e os governadores.
O Presidente reagiu mal às críticas acusando o governador de São Paulo de ser "leviano e demagogo". Na troca de argumentos, os governadores salientaram que "a principal missão passa por salvar vidas", e, por outro lado, não pouparam críticas ao que dizem ser o insuficiente pacote de ajudas anunciado pelo Governo.
As críticas ao Presidente brasileiro não se resumem, contudo, aos governadores. Por toda a imprensa brasileira multiplicam-se avaliações negativas à mais recente declaração de Bolsonaro, até mesmo de meios mais conservadores ou de figuras destacadas do universo militar.
Da oposição, as reações não tardaram, sobretudo através das redes sociais onde, por exemplo, o candidato do PT derrotado nas últimas presidenciais, Fernando Haddad, sublinhou que "Bolsonaro apostou milhares de vidas e a própria presidência nesse pronunciamento" lamentando que qualquer que seja o desfecho da situação, "vai custar caro ao país". A palavra impeachment ainda não surgiu em tom contundente nas palavras da oposição, mas já é usada em algumas análises.
O número de casos positivos do novo coronavírus no Brasil ultrapassou esta terça-feira os dois mil. O país regista agora 2.271 infetados e 47 mortos.