26 mar, 2020 - 18:49 • Marta Grosso
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A comunidade científica está a acompanhar o comportamento e evolução do novo coronavírus, o SARS-CoV-2, responsável pela doença Covid-19. Nesta quinta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) divulgou os dados mais recentes.
Os estudos mais recentes não revelam amostras positivas do vírus no ar, mas “uma amostra de uma saída de exaustão” já obteve resultados positivos, o que leva os autores a afirmar que “as partículas virais podem ser deslocadas pelo ar e depositadas em superfícies”.
No que toca a superfícies, os estudos indicam que o vírus pode sobreviver “até 4 horas em cobre, até 24 horas em papelão e até 2-3 dias em plástico e aço inoxidável, embora com títulos significativamente reduzidos”.
Cientistas de todo o mundo estudam o novo coronaví(...)
O SARS-CoV-2 foi ainda detetado em impressoras, teclados de computador e maçanetas. Mas onde o vírus já demonstrou ter mais expressão foi em luvas (15,4% das amostras).
Ainda assim, a importância relativa destas vias de transmissão em comparação à exposição direta a gotículas respiratórias “não está ainda clara”, refere o ECDC.
Os especialistas identificaram a presença do vírus em “amostras do trato respiratório um a dois dias antes do início dos sintomas”. E ali “pode persistir até 8 dias, em casos moderados, e até duas semanas, em casos graves”.
À semelhança da gripe, o novo coronavírus “atinge o pico aproximadamente no momento do início dos sintomas”, o que sugere que “pode ser facilmente transmissível no estágio inicial da infeção”.
Os cientistas consideram ser “prudente considerar o período de incubação de, pelo menos, 14 dias”.
“As estimativas atuais sugerem um período médio de incubação de cinco a seis dias para a Covid-19, com um intervalo de um a 14 dias”, refere o ECDC.
Sim. De acordo com os especialistas a infeção assintomática “foi relatada em vários contextos”.
A grande parte destes casos “desenvolveu alguns sintomas” numa fase mais avançada da infeção, mas “existem também relatos de casos que permanecem assintomáticos durante toda a duração” da doença.
“Não foi relatada diferença significativa na carga viral em pacientes assintomáticos e sintomáticos”, pelo que existe a hipótese de se transmitir o vírus mesmo sem sintomas.
Existem, contudo, “incertezas importantes” no que toca “à influência da transmissão pré-sintomática na dinâmica geral da transmissão da pandemia”.
Nos modelos científicos para analisar esta hipótese, “a proporção de transmissão pré-sintomática foi estimada entre 48% e 62%” e “foi considerada provável com base num intervalo serial mais curto (4,0 a 4,6 dias) do que o período médio de incubação (cinco dias)”.
Segundo os autores dos estudos, “muitas transmissões secundárias já teriam ocorrido no momento em que casos sintomáticos são detetados e isolados”.
É cedo para responder a esta pergunta, dizem os especialistas, mas existem altas probabilidades de a resposta ser afirmativa.
A confirmação só poderá vir depois de “estudos sorológicos longitudinais que acompanhem a imunidade dos pacientes por um longo período de tempo”.
Contudo, “evidências de outras infeções por coronavírus (SARS e MERS) indicam que a imunidade pode durar até três anos e é altamente improvável a reinfeção com a mesma cepa de coronavírus em circulação sazonal na mesma estação ou na estação seguinte”.
O mesmo pode acontecer com o SARS-CoV2, o novo coronavírus, “pois existem evidências emergentes de estudos iniciais, sugerindo que os indivíduos desenvolvem anticorpos após a infeção e provavelmente se tornam imunes a curto prazo”.
Não existem certezas quanto à sazonalidade deste vírus. Não é certo que comporte como os outros coronavírus, que estão mais ativos no inverno, sobretudo entre dezembro e abril.
Os coronavírus costumam ser “mais estáveis sob humidade relativa baixa/média (20-50%) quando os mecanismos de defesa das vias aéreas são suprimidos”.
Contudo, em estudos “preliminares do surto de Covid-19 na China e em outros países, foram observados altos números reprodutivos não apenas em distritos secos e frios, como em distritos tropicais com alta humidade absoluta, como em Guangxi e Singapura”.
Face à falta de evidência, os cientistas não arriscam afirmar que o SARS-CoV-2 tem uma sazonalidade acentuada no inverno, como outros coronavírus humanos no hemisfério norte.
Este dado “enfatiza a importância da implementação de medidas de intervenção, como isolamento de indivíduos infetados, distanciamento do local de trabalho e encerramento de escolas”.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças considera que o risco de doença grave associada à Covid-19 é “atualmente considerado moderado para a população em geral e muito alto para os mais velhos e indivíduos com problemas crónicos de saúde”.
Quanto ao risco de transmissão comunitária generalizada nas próximas semanas, o ECDC diz que será moderado, se houver medidas eficazes de mitigação, e muito alto se houver medidas insuficientes de mitigação.
O risco de a capacidade do sistema de saúde ser excedida é considerado alto.
O ECDC reforça, por isso, a importância de se manter as medidas de contenção e mitigação, nomeadamente o isolamento social.
O mais recente balanço da pandemia de Covid-19 indica que, desde o início do surto, foram infetadas 519.899 pessoas em todo o mundo: 23.588 não resistiram à doença e 123.296 já recuperaram. Significa que, em termos mundiais, existem agora 373.015 casos ativos.
Itália é o país onde tem havido mais vítimas mortais, logo seguido por Espanha. Na contagem do número de casos, o pódio é composto por China (primeiro lugar, mas onde a doença está em fase de regressão), Itália e EUA (país que a OMS já disse que se poderia tornar no novo epicentro da pandemia).
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