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Coronavírus. Justiça trava campanha "Brasil não pode parar" do Governo Bolsonaro

28 mar, 2020 - 21:58 • Sérgio Costa

Ministério Público do Rio de Janeiro acusa Presidente de ignorar gravidade da pandemia de Covid-19 em desrespeito pela ciência, e descreve campanha como "abusiva e indutora de comportamentos prejudiciais" para a saúde da população.

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O Governo de Jair Bolsonaro pretendia lançar uma campanha intitulada "O Brasil não pode parar", contra as medidas de isolamento social adotadas por diferentes países para combater a pandemia de Covid-19 e impelindo os brasileiros a regressarem às ruas e ao trabalho, mas a Justiça Federal impediu a campanha de avançar.

A decisão da Justiça foi anunciada este sábado em resposta a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. No processo, a campanha é descrita como "abusiva e indutora de comportamentos prejudiciais" para a saúde da população.

É, aparentemente, uma derrota do Governo Bolosonaro em mais um polémico episódio do posicionamento do executivo do Brasil sobre a pandemia da Covid-19.

Depois da controversa declaração desta semana, onde o Presidente brasileiro desvalorizou, uma vez mais, os efeitos do novo coronavírus apelando a uma vida normal, o Governo federal chegou a lançar, a título experimental, vídeos e mensagens para a campanha agora travada, nos quais alertava para os efeitos económicos e sociais do isolamento.

A juíza detentora do processo, Laura Bastos Carvalho, do Tribunal Federal do Rio, ordenou hoje que o Governo se abstenha de divulgar peças publicitárias desta campanha que "sugiram à população brasileira comportamentos que não tenham por base informações e decisões técnicas", emitidas pelo Ministério da Saúde ou entidades especializadas em epidemiologia e saúde pública.

O Governo, por seu turno, sublinha que o vídeo da campanha, ainda disponível nas redes sociais, foi produzido com caráter experimental e seria uma "proposta inicial que não chegou a ser aprovada", pode ler-se numa nota hoje divulgada. O palácio do Planalto garante ainda "não ter qualquer gasto ou custo neste sentido" com a proposta de campanha.

Na ação movida, que culminou nesta decisão da Justiça federal, o Ministério Público do Rio de Janeiro considera que "o Presidente Jair Messias Bolsonaro tem sistematicamente negado a gravidade da Covid-19, a despeito dos conhecimentos científicos", lê-se.

Ontem, o Presidente brasileiro já tinha causado polémica em entrevista à TV Bandeirantes, ao voltar a referir-se à Covid-19 como uma "gripezinha" e orientando os brasileiros a voltarem ao trabalho.

O Brasil regista, até ao momento, 114 mortes em mais de 3.900 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus.

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