07 abr, 2020 - 18:57 • Cristina Nascimento com agências
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A França ultrapassou a barreira dos 10 mil mortos devido à Covid-19. Os números foram avançados esta terça-feira pelas autoridades de saúde do país. A nação francesa torna-se assim o quarto país a nível mundial com maior número de vítimas mortais. Só nas últimas 24 horas, registaram-se nos hospitais 607 óbitos, aos quais se somam mais 820 mortes registadas durante o fim de semana em lares de terceira idade.
De acordo com as autoridades, estão confirmados 109.069 casos positivos e 19.337 casos recuperados.
Ainda em relação aos lares, o diretor-geral da Saúde indicou que há 30.902 casos confirmados de Covid-19 nestas estruturas.
Há atualmente 30 mil pessoas hospitalizadas em França e 7.313 destes pacientes estão nos cuidados intensivos. Daquelas, 104 em estado grave têm menos de 30 anos.
O ministro da Saúde francês avisou esta terça-feira que ainda não se atingiu o pico da epidemia da Covid-19 e que, com o país a entrar na quarta semana consecutiva de confinamento, é cedo para falar no fim da quarentena.
"O aumento de novos pacientes em estado grave está a diminuir, mas o número de pacientes nos cuidados intensivos continua a aumentar, portanto ainda não atingimos o pico da epidemia, ou seja, ainda estamos numa fase de agravamento. Ainda não chegámos ao fim dos nossos esforços", afirmou Olivier Véran, ministro da Saúde, em declarações à televisão BFMTV.
A França entrou oficialmente em confinamento no dia 16 de março e, para já, ainda não há qualquer previsão para o seu fim.
"A minha mensagem é que o confinamento continua e ele é mais necessário do que nunca", indicou o governante, preferindo nem falar no fim do período de quarentena.
Algumas horas mais tarde, em entrevista ao mesmo canal de televisão, Jean-François Delfraissy, presidente do Conselho Científico para a Covid-19 junto do Eliseu, disse que esta quarentena vai durar "várias semanas".
"O confinamento é algo excecional, mas que vai ainda durar várias semanas. Penso que é melhor dizer isto de uma forma clara: ainda não há data prevista de saída. Isso significa que pode durar até ao início de maio, mas não posso ser mais preciso", disse.
Coronavírus
Diferentes associações lusófonas em França multipl(...)
O Conselho Científico é o órgão que reúne diversos especialistas de diferentes ramos da ciência ligados ao estudo de vírus e epidemias e que fazem o ponto de situação ao Presidente da República, Emmanuel Macron, e o aconselham nas medidas sanitárias a impor ao país.
O sentido dos seus pareceres é, assim, contrário ao que muitos dos cerca de 60 milhões de franceses confinados esperavam, após três semanas completas de distanciamento social, ou seja que as medidas podem até agravar-se com a chegada do bom tempo, comno já aconteceu na capital.
Em Paris, a autarquia decidiu proibir as saídas para exercício físico entre as 10h e as 19h. Os motivos para saídas autorizadas em França são o trabalho, compras de bens essenciais, assistência à família, saídas curtas para exercício físico num raio de um quilómetro da residência, idas ao médico em caso de urgência e intimação das autoridades.
Já em Biarritz, a autarquia proibiu que os transeuntes se sentem mais do que dois minutos seguidos num banco público. Em outras cidades, especialmente nas regiões mais afetadas pelo vírus, foi mesmo imposto um recolher obrigatório.
Para circularem na via pública, os franceses precisam de se fazer acompanhar de uma declaração, disponível no site do ministério do Interior, que eles próprios preenchem e onde justificam a saída, declarando por sua honra que não estão a violar as regras em vigor, e que terão de mostrar se abordados pelas autoridades.
Esta segunda-feira, uma declaração eletrónica foi disponibilizada pelo Ministério do Interior, facilitando o trabalho dos mais de 100 mil polícias destacados para manter em vigor as regras de quarentena impostas pelo Governo. O desrespeito destas regras leva a uma multa que começa nos 135 euros e pode agravar-se até aos 3.750 euros.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 290 mil são considerados curados.