09 abr, 2020 - 02:18 • Lusa
Veja também:
Um estudo científico chinês divulgado esta quinta-feira alerta que o levantamento prematuro das medidas de restrição implementadas pelos governos de todo o mundo no combate à Covid-19 pode gerar uma segunda vaga da pandemia.
O trabalho, conduzido por investigadores da Universidade de Hong Kong, na China, e publicado na revista Lancet, revela que um levantamento prematuro das medidas restritivas impostas pela China no combate à disseminação da Covid-19 provavelmente levará a uma transmissibilidade superior e terá como resultado uma segunda onda de infeção.
Depois de revelar que a mortalidade na província de Hubei foi substancialmente mais alta do que no resto da China durante a primeira onda da epidemia de Covid-19, os investigadores avisam que, dado o risco substancial de o vírus ser reintroduzido no exterior com o aumento da atividade económica, é necessária a monitorização em tempo real da transmissibilidade e severidade da pandemia para impedir uma possível segunda onda de infeção.
Os especialistas chineses consideram que esta descoberta pode ser crucial para países de todo o mundo que estão ainda numa fase inicial de restrição das medidas de circulação, pois reforçam a necessidade de não haver um "relaxamento" na sua aplicação.
"Embora as medidas de controlo pareçam reduzir o número de infeções a níveis muito baixos, sem imunidade coletiva contra a Covid-19, os casos podem ressurgir facilmente à medida que as empresas e as escolas retomem gradualmente a sua atividade", diz o professor Joseph Wu, da Universidade de Hong Kong, que coliderou a pesquisa.
Este especialista aconselha por isso que sejam mantidas políticas de controlo que envolvam o distanciamento físico e mudanças de comportamento.
"É necessário encontrar um equilíbrio proativo entre o retomar das atividades económicas e a necessidade de manter o número reprodutivo baixo. Essa é provavelmente a melhor estratégia até que vacinas eficazes se tornem amplamente acessíveis", explica Joseph Wu.
Este estudo chinês revela ainda que na província de Hubei, onde o surto teve o seu início, a taxa de letalidade foi quase seis vezes maior do que em regiões fora desta província, e que essa variação teve por base o desenvolvimento económico e disponibilidade de recursos das respetivas regiões, nomeadamente o acesso a recursos de assistência médica.
A diretora-geral da Saúde assume que os últimos nú(...)
Ainda assim, um dos autores desta investigação sublinha que mesmo as regiões mais ricas têm limites na capacidade de assistência.
"Mesmo nas megacidades mais prósperas e com mais recursos, como Pequim e Xangai, os recursos de saúde são limitados e os serviços sofrerão com um aumento repentino na procura", diz Gabriel Leung, da Universidade de Hong Kong, que adianta que um novo crescimento dos números de infetados após o alívio de medidas de contenção social poderá obrigar a um esforço redobrado dessas medidas para regressar aos valores originais, com perdas ainda maiores do que as já sentidas para a atividade económica.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 83 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o último balanço da Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes e 13.141 casos de infeções confirmadas.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado há uma semana na Assembleia da República.
A organização adverte que os números oficiais pode(...)