10 abr, 2020 - 16:24 • Joana Gonçalves
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As ruas da Guayaquil, a cidade mais populosa do Equador, estão desertas. Os serviços públicos atingiram o ponto de rutura e há agora doentes a quem é recusada a entrada no hospital, por falta de camas.
Numa publicação no Twitter, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) nota "as dificuldades relatadas em Guayaquil para transportar, cremar e enterrar os corpos de pessoas que morreram durante a pandemia do COVID-19".
Sem outra opção, várias famílias são obrigadas a colocar nas ruas os corpos dos infetados que acabaram por morrer, como relata a CNN.
"Se uma pessoa morrer num hospital, os seus familiares não podem despedir-se ou sequer vê-la", adianta Isabela Ponce, diretora e fundadora do jornal equatoriano GK, em entrevista ao Knight Center. "A vítimas mortais devem ser enterradas sem que ninguém esteja presente na cerimónia".
Para que os familiares possam despedir-se dos seus entes queridos o jornal online GK desenvolveu um memorial virtual colaborativo, que procura homenagear todas as vítimas de Covid-19.
A plataforma, chamada "Vozes da Memória", será lançada na terceira semana de abril, com pelo menos 20 homenagens. "A ideia é que a página seja atualizada semanalmente", explica Ponce.
"Todos os dias, quando ouvimos que o número de mortos por Covid-19 está a aumentar no Equador e no mundo, sabemos que estamos perante uma situação que excede todos os nossos limites", adianta Gabriela Valarezo, diretora de arte da GK, em declarações ao Knight Center.
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Quantas pessoas estão infetadas, quantas já recupe(...)
“No entanto, esses números não refletem o lado humano das mortes: o sentimento de perda de um ente querido e as limitações impostas às famílias no dia da despedida. Nesse sentido, queremos prestar homenagem às vítimas e permitir que as suas famílias tenham um lugar onde possam recordá-las ", acrescenta Valarezo.
Os membros da família devem preencher um formulário online, onde incluem uma fotografia e uma mensagem em formato áudio.
O primeiro caso de Covdi-19 no Equador foi confirmado a 29 de fevereiro. À data de hoje, há 4.965 infetados no país.
Apesar dos números oficiais apontarem para um total de 272 mortes pelo novo coronavírus no país, o número real de óbitos provocados pela doença é incerto. Muitas pessoas reconhecem sintomas nos familiares que morreram em casa, mas há quem admita, que por falta de acesso a cuidados de saúde nos hospitais locais, a causa da morte é desconhecida.
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