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Universidade de Cambridge

​Gravar som da tosse e saber se tem Covid-19? Pode ser real daqui a dois meses

13 abr, 2020 - 10:20 • Cristina Nascimento

Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, estão a trabalhar numa ferramenta que pretende diagnosticar precocemente a doença e sem necessidade de exames médicos.

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Uma equipa de cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, está a trabalhar numa ferramenta que pode vir a permitir o diagnóstico da Covid-19 numa fase precoce da doença e sem recurso a exames médicos.

Um dos investigadores que integra esta equipa, o italiano Pietro Cicuta, explica à Renascença o trabalho que estão a fazer.

“Queremos que as pessoas através do site ou através da aplicação para telemóvel, num minuto, possam fazer ‘upload’ do som das suas vozes, da sua tosse e da sua respiração. Com estes três sons esperamos ser capazes de perceber, pelo som, se se trata de um doente Covid-19”, diz.

A ferramenta funciona recorrendo a ‘machine learning’ e com algoritmos informáticos, partindo da perceção clínica de que a tosse causada pelo novo coronavírus tem um som distinto.

“À medida que a doença vai avançando, a tosse torna-se mais distintiva. Muitos médicos já nos explicaram que é uma tosse seca que conseguem reconhecer. Portanto, esse som, juntamente com a informação adicional sobre se tem ou não febre, será o suficiente para aferir se a pessoa tem Covid-19”, explica Pietro Cicuta.

Cicuta acredita que a análise de dados poderá permitir o diagnóstico numa fase anterior à manifestação de tosse. “A respiração e a voz são também interessantes e vamos testar se a voz sofre alterações. A esperança é que a voz mude antes de surgir a tosse e, portanto, permita um diagnóstico precoce”, argumenta.

Este é o sonho, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “Neste momento esta ferramenta está na fase de reunir informação”, explicando que já conseguiram recolher amostras de três mil voluntários. A equipa espera vir a reunir muitas mais, sobretudo agora que aplicação para android já está disponível.

A seguir virá a fase de ensaiar clinicamente. “Depois teremos de validar esta ferramenta, levando a cabo um ensaio clínico, com outros voluntários e com a supervisão de médicos que atestem os casos positivos e negativos, para que a ferramenta possa ser clinicamente validada”, assegura.

Ferramenta pronta daqui a dois meses?

Se tudo correr bem e se a ferramenta provar ser fiável, daqui a quanto tempo pode estar a ajudar os médicos?

“A tecnologia é simples, mas a parte legal e de certificação leva muito tempo. Em circunstâncias normais, um ensaio clínico deste género e a validação legal poderia levar muitos meses, mas nós esperamos que isto possa ser considerado interessante e que seja reconhecido que temos interesse em fazer as coisas bem e rápido. Diria que, na melhor das hipóteses daqui a dois ou três meses, a ferramenta deve estar pronta”, estima.

A pandemia da Covid-19 começou em dezembro, na China, alastrou-se em força para a Europa e Estados Unidos. Daqui a alguns meses, diz este cientista, “a ferramenta ainda pode ser importante e útil, por exemplo, em África, mesmo que noutros países o pico já tenha sido ultrapassado”.

A confirmar-se a fiabilidade deste meio de diagnóstico, podem ser poupados recursos materiais e humanos, argumenta.

“Nós temos vários objetivos. Um, que seria muito útil, é ter um diagnóstico precoce, sem zaragatoas, nem testes genéticos caros. Outra coisa que é muito importante para os serviços de saúde, é conseguir distinguir quais são as pessoas que precisam de ficar em casa daquelas que precisam de ir ao hospital. Se isto puder ser feito de forma automática e confiável, ajudaria a melhorar os cuidados de saúde”, defende Cicuta.

Comentários
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  • VITOR GOMES
    13 abr, 2020 PORTO 13:09
    Olhem a barbaridade a que se dedicam os cientistas, em vez de se debruçarem sobre os tratamentos para a doença!!!!!!!!!!!!

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