16 abr, 2020 - 09:56 • Maria João Costa , Inês Braga Sampaio
O escritor chileno Luis Sepúlveda morreu, aos 70, com Covid-19, confirmou fonte da Porto Editora, editora do autor em Portugal, à Renascença.
Sepúlveda estivera em Portugal até 23 de fevereiro, uma semana antes de ter sido diagnosticado com o novo coronavírus, já em Espanha, e de ter sido internado, a 29 do mesmo mês, no Hospital Central Universitário das Astúrias.
De acordo com a mulher, Sepúlveda começara a apresentar os primeiros sintomas compatíveis com a Covid-19 a 25 de fevereiro, ou seja, dois dias depois de ter estado na Póvoa de Varzim, para o festival literário Correntes d'Escritas.
A 10 de março, o estado de saúde do escritor continuava a "inspirar cuidados e preocupação".
Luis Sepúlveda, nascido em Ovalle, no Chile, a 4 de outubro de 1949, era escritor, argumentista, cineasta, jornalista e ativista político e ambiental.
Entre a sua vasta obra, toda traduzida em Portugal, pela mão da Porto Editora, destacam-se os romances "O Velho que Lia Romances de Amor", "História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar" e "Patagónia Express".
Em 2016, recebeu, em Portugal, o Prémio Eduardo Lourenço, que galardoa personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica.
Luis Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e as suas obras estão traduzidas em mais de 60 idiomas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamenta a morte do escritor chileno Luis Sepúlveda, a quem chama “um amigo de Portugal”.
“É com particular tristeza que recebemos a notícia da morte de Luis Sepúlveda. Pelo escritor que era, pelas circunstâncias que bem conhecemos, e porque era um amigo de Portugal”, lê-se numa nota publicada hoje no 'site' oficial da Presidência da República Portuguesa.
Marcelo Rebelo de Sousa recorda que, desde a publicação de “O Velho que Lia Romances de Amor”, em 1989, “que Sepúlveda se tornara um dos autores da América do Sul mais lidos da atualidade, como não acontecia desde o chamado ‘boom’ latino-americano”.
O Presidente da República lembra que o “chileno empenhado, militante, apoiante de Salvador Allende, também jornalista, guionista, ecologista e viajante” deixou, “além dos romances e novelas (livros breves, claros, pícaros, alegóricos), vários testemunhos dos seus combates e do seu pensamento crítico”.
A morte do escritor, cuja obra foi “amplamente traduzida em Portugal” e que era “visita habitual no país”, considera Marcelo Rebelo de Sousa, “é especialmente sentida pelos portugueses”, sentimento ao qual se associa, apresentando “condolências à sua mulher, a escritora Carmen Yáñez”.