20 abr, 2020 - 15:50 • Maria João Costa
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O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, espera que esta seja a última semana em que os brasileiros ficam em casa. Esta segunda-feira, à saída da residência oficial em Brasília, o chefe de Estado expressou a sua vontade de levantar esta semana as medidas de restrição à circulação dos brasileiros, para tentar travar a propagação do novo coronavírus.
Numa altura em que o Brasil soma mais de 39 mil infetados, e mais de 2.400 mortos, Bolsonaro afirma: “Espero que seja a última semana dessa quarentena”.
Segundo as palavras do Presidente brasileiro, a população “não tem como ficar em casa, porque a geladeira está vazia”.
Nestas declarações à saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro pede “calma e tranquilidade”, mas avisa que “70% vai ser contaminado”. O Presidente questiona quem o ouve se querem que ele “minta ou ficarem em casa 10 anos?”.
O Brasil é o 12.º país do mundo com mais casos de infeção pelo novo coronavírus, no entanto, Bolsonaro considera que “tudo que é feito com excesso acaba tendo problema. Essas medidas em alguns estados não atingiram seu objetivo”, aponta o presidente que já na sexta-feira tinha defendido a reabertura do comércio.
Na tomada de pose de Nelson Teich, o novo ministro da Saúde, Bolsonaro pediu ao sucessor de Luiz Henrique Mandetta – entretanto afastado – que encontre um meio termo para haver a abertura do comércio.
Já hoje, Bolsonaro criticou um ministro seu - sem referir o nome – que lhe pediu assinasse um decreto para estabelecer multas para quem circulasse nas ruas. “Um ministro meu queria que eu colaborasse com um decreto para multar quem está na rua. Eu falei ‘não’”, concluiu Bolsonaro que acrescentou: “quem vai na rua está atrás de emprego, um ganha pão.”
Depois de ter participado no domingo, em Brasília, no Dia do Exército, numa ação a favor de uma intervenção militar com vozes contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal que geraram um coro de críticas, hoje Bolsonaro vem manifestar-se contra o fim da democracia.
“Eu sou, realmente, a Constituição”, afirmou o Presidente brasileiro ao deixar o Palácio da Alvorada. “No que depender do Presidente Jair Bolsonaro, democracia e liberdade acima de tudo”, afirmou aos jornalistas.
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Quantas pessoas estão infetadas, quantas já recupe(...)
Participando nesta manifestação que provocou uma aglomeração de pessoas, em plena pandemia, o chefe de Estado brasileiro considerou que “acabou a época da patifaria” e deixou como palavras de ordem: “agora é o povo no poder” ou “Chega da velha política. Agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
Estas palavras levaram-no hoje a ter de justificar que não tinha falado “contra qualquer outro Poder”. Referindo-se aos militares, Bolsonaro explicou que quer “voltar ao trabalho” e que “o povo quer isso”.
Perante um manifestante que pedia o encerramento do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro foi direto: “esquece esta conversa de fechar. Aqui não tem fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição Brasileira”.