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​O coronavírus pode atacar duas vezes? Há análises positivas de pessoas curadas há 70 dias

22 abr, 2020 - 17:09 • Dina Soares , com Reuters

Há pacientes na China que estão a ter resultados positivos à presença do coronavírus, 50 e mesmo 70 dias depois de terem sido declarados curados. Esses doentes não apresentam sintomas nem há provas de que tenham infetado alguém, mas constituem agora uma das grandes preocupações da comunidade médica, numa altura em que vários países ensaiam o regresso à normalidade.

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Na cidade de Wuhan, na China, há pacientes que estão a receber de novo análises ao coronavírus com resultados positivos, entre 50 e 70 dias depois de terem conseguido recuperar totalmente da doença. A situação foi revelada esta quarta-feira numa reportagem da agência Reuters.

Duas semanas depois de ter sido levantado o confinamento obrigatório na cidade onde a pandemia começou, e quando se está a iniciar o processo de regresso à normalidade, os médicos estão a ser confrontados com um número crescente de casos em que os pacientes recuperam do vírus, chegaram a fazer análises cujos resultados foram negativos, e que mais tarde voltaram a apresentar resultados positivos mesmo sem sintomas.

O grande desafio dos médicos passa agora por tentar evitar o surgimento de um novo surto antes do surgimento da vacina. As autoridades de saúde chinesas garantem que não há registo de que estas pessoas tenham infetado outras nem que tenham sido infetados uma segunda vez já que já que cumpriram um estrito isolamento e mantiveram-se em quarentena.

Há casos na China, Coreia do Sul e Itália

Perante esta nova realidade, os médicos chineses estão agora a optar por manter os doentes em isolamento durante um período superior aos 14 dias que até agora têm sido considerados como o intervalo de tempo onde ocorre o contágio.

Esta realidade também se está a verificar na Coreia do Sul, onde cerca de mil pessoas voltaram a ter resultados positivos nos seus testes, depois de quatro semanas sem manifestarem sintomas.

O diretor do Centro Sul-coreano para Controlo e Prevenção de Doenças afirmou que o vírus foi “reativado” em 91 doentes sul-coreanos que com testes positivos depois de terem sido declarados curados. Em Itália também já foi identificado um caso.

A perspetiva de o vírus continuar ativo em pessoas que tinham sido dadas como curadas, tornando-as potenciais agentes infeciosos é motivo de preocupação internacional, pois muitos países tentam terminar o confinamento e retomar a atividade económica à medida que a disseminação do vírus diminui.

Especialistas procuram respostas

Os especialistas procuram explicações para este fenómeno. Alguns avançam com a hipótese de estas pessoas terem sido infetadas uma segunda vez, o que destruiria a hipótese de que quem esteve doente produziu anticorpos que o protegem de apanhar de novo a doença. Uma hipótese que tanto os médicos chineses como sul-coreanos rejeitam, garantindo que estas pessoas permaneceram em isolamento mesmo depois de terem recebido resultados negativos nos testes.

Outra teoria passa por uma espécie de reativação do vírus, ou ainda pela possibilidade de o vírus permanecer no organismo de algumas pessoas, mas sem representar perigo tanto para o seu portador como para as outras pessoas.

Outra hipótese passa pela existência, nestas pessoas, de um sistema imunitário enfraquecido que é mais lento na luta contra o vírus. Há ainda casos de pessoas com um alto grau de anticorpos, mas que continuam a ter resultados positivos nos testes ao novo coronavírus.

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