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Pandemia de Covid-19

EUA. Diretor da agência de vacinação diz que foi demitido por fazer frente a Trump sobre hidroxicloroquina

22 abr, 2020 - 23:56 • Filipe d'Avillez

Rick Bright opôs-se ao investimento no medicamento de combate à malária como solução para a Covid-19, alertando para potenciais perigos dada a falta de bases científicas sobre o seu uso no combate ao novo coronavírus. Apesar de resultados iniciais promissores, estudos mais recentes revelam que hidroxicloroquiina não tem eficácia contra a Covid-19.

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O responsável da agência de vacinação dos Estados Unidos diz que foi afastado por pressão política, por se ter oposto ao investimento em hidroxicloroquina, um medicamento usado para tratar a malária, como possível solução para o novo coronavírus.

Rick Bright foi afastado do seu cargo esta semana depois de ter entrado em conflito com a Human Health Services (HHS), o equivalente à Direção-Geral da Saúde dos EUA, por causa da aposta no medicamento, desenvolvido para combater determinadas estirpes de malária.

Donald Trump tem-se referido por diversas vezes à hidroxicloroquina como uma potencial solução para a pandemia, mas Bright diz que acabou por ser castigado por se opor ao que considera ser um desperdício de dinheiro.

“Creio que esta transferência foi uma reação à minha insistência de que o Governo invista os milhares de milhões de dólares alocados pelo Congresso para enfrentar a pandemia de Covid-19 em soluções cientificamente comprovadas e não em medicamentos, vacinas ou outras tecnologias que não tenham mérito científico. Estou a falar agora porque se queremos combater este vírus mortal tem de ser a ciência – e não a política ou o clientelismo – a liderar”, afirmou.

“Passei toda a minha carreira no desenvolvimento de vacinas e na indústria biotecnológica. O meu passado deixou-me preparado para momentos como estes, para confrontar e derrotar o vírus mortal que ameaça os americanos e pessoas em todo o mundo”, disse ainda Rick Bright.

“Infelizmente, isto conduziu a conflitos com a liderança política da HHS, incluindo críticas aos meus esforços no sentido de investir cedo em vacinas e bens críticos para salvar vidas americanas. Também me opus a esforços para financiar medicamentos potencialmente perigosos promovidos por pessoas com ligações políticas”.

Entre esses perigos Bright elenca um possível aumento de mortalidade, observado em alguns estudos do uso de hidroxicloroquina em doentes com Covid-19.

Na terça-feira, foram divulgados os resultados de uma investigação sobre o uso do medicamento em infetados com o novo coronavírus, desenvolvida em centros médicos de apoio a veteranos de guerra dos EUA e ainda não revista pela comunidade científica, que sugerem que administrar hidroxicloroquina nestes casos não só não é eficaz como pode causar mais mortes.

Há cerca de um mês, a Ordem dos Médicos portuguesa apontou que estudos preliminares mostravam resultados promissores no uso de hidroxicloroquina em casos graves de Covid-19. Na mesma altura, a DGS validou o administração desse e de outros antivíricos de largo espetro para o tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus.

Em entrevista ao programa da Renascença "Da Capa à Contracapa", a cientista Maria Manuel Mota, diretora do Instituto de Medicina Molecular, indicou há alguns dias que os estudos mais recentes não comprovaram a eficácia de medicamentos como a hidroxicloroquina.

Vários países estão já a trabalhar na obtenção de vacinas contra o novo coronavírus, incluindo a China, o Reino Unido e a Suíça. As autoridades têm dito que só quando se encontrar uma vacina é que o mundo poderá voltar ao normal, mas ainda faltam vários meses, na melhor das hipóteses, até que isso seja uma realidade.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 179 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 583 mil doentes foram considerados curados.

[notícia corrigida às 17h05, de 23 de abril, com especificação de que a hidroxicloroquina é um medicamento desenvolvido para combater determinadas estirpes de malária e não o vírus da malária. A malária é uma doença parasitária, não é uma doença vírica]

Comentários
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  • qeyi
    23 abr, 2020 10:31
    Manda quem pode e obedece quem deve.

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