23 abr, 2020 - 19:31 • Filipe d'Avillez
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, apresentou esta quinta-feira a sua demissão ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
Moro não gostou de ser informado pelo chefe de Estado da decisão de mudar o diretor-geral da Polícia Federal e apresentou a demissão, mas segundo a imprensa brasileira Bolsonaro está a tentar dissuadi-lo de abandonar o cargo.
Sérgio Moro, juiz que goza de grande popularidade no Brasil – mais até do que o próprio Presidente, segundo uma sondagem recente –, aceitou ser ministro da Justiça depois de ter dirigido o processo Lava Jato que levou à detenção do antigo Presidente Lula da Silva e à destituição da ex-Presidente Dilma Roussef, abrindo caminho para a eleição de Bolsonaro.
O Presidente convidou-o para ser ministro da Justiça e Moro aceitou, afirmando que teria poderes de superministro, supervisionando várias áreas associadas à Justiça, e gozando de total liberdade.
Contudo, os conflitos entre Bolsonaro e o ministro não tardaram, com o Presidente a tentar colocar homens da sua confiança em lugares de destaque. Neste último caso trata-se do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, que é chefiada atualmente por Maurício Valeixo, que foi indicado por Moro e trabalhou de perto com ele no passado.
Depois de Moro ter apresentado a sua demissão, Bolsonaro terá pedido a outros dois ministros, Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, para o dissuadirem, segundo a “Folha de São Paulo”, mas de acordo com o mesmo jornal o ministro só fica se Maurício Valeixo mantiver o seu cargo, o que seria visto como uma derrota para Bolsonaro.
Este não é o primeiro conflito entre ambos. Recentemente Moro colocou-se do lado do ministro da Saúde, que acabou por ser demitido pelo Presidente Bolsonaro, depois de os dois terem adotado posturas diferentes quanto à estratégia de combate ao novo coronavírus.