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​Covid-19: OMS desaconselha encerramento de mercados como o de Wuhan

08 mai, 2020 - 18:22 • Lusa

Mercados de animais vivos são uma fonte de alimentos para milhões de pessoas em todo o mundo e as autoridades devem preocupar-se em melhorar as condições, defende a Organização Mundial de Saúde.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse esta sexta-feira que mercados como o da cidade de Wuhan, na China, que podem ter estado na origem da pandemia de covid-19, não devem ser encerrados.

Num encontro com a imprensa, o especialista em doenças de animais da OMS Peter Ben Embarek disse que os mercados de animais vivos, como o de Wuhan, são uma fonte de alimentos para milhões de pessoas em todo o mundo e que as autoridades devem preocupar-se em melhorar as condições dos espaços em vez de os ilegalizar, mesmo que possam estar eventualmente na origem de epidemias que afetam os humanos.

"A segurança alimentar nesses ambientes é difícil e, por isso, não é surpreendente que por vezes tenhamos acontecimentos como esses a surgir nesses mercados", disse Ben Embarek.

Para o especialista, reduzir o risco de transmissão de doenças de animais para seres humanos nesses mercados geralmente lotados pode ser conseguido pela melhoria das condições de higiene e dos padrões respeitantes à segurança alimentar, incluindo processos de separação entre os animais e as pessoas.

Ben Embarek acrescentou que ainda não é seguro afirmar-se se o mercado de Wuhan esteja ligado diretamente ao primeiro caso do novo coronavírus na República Popular da China ou se foi um espaço de propagação do covid-19.

O investigador da OMS disse que os cientistas da República Popular da China continuam a tentar assinalar qual a espécie animal que eventualmente contaminou humanos com o vírus de covid-19 referindo que outras espécies também são afetadas pela mesma doença como gatos, tigres, furões e cães.

A identificação de outras espécies vulneráveis vão permitir algumas intervenções no sentido de prevenir futuras pandemias.

"Nós não queremos criar um novo 'reservatório' em animais que podem continuar a criar infeções nos humanos", disse.

Ben Embarek acrescentou que vai ser necessário um tempo "considerável" para identificar o animal que terá sido supostamente a fonte original do novo coronavírus frisando que vai ser preciso primeiro realizar "extensos" estudos que envolvem as autoridades de saúde responsáveis pelas entrevistas com muitos dos que foram sendo infetados durante a pandemia para apurar os eventuais contactos que tiveram com animais antes de ficarem doentes.

Os cientistas têm de recolher amostras dos animais para encontrarem a ligação com o coronavírus que está a afetar os humanos, frisou.

Até ao momento, o regime de Pequim não convidou a OMS ou outro organismo estrangeiro a participar nas investigações.

Ben Embarek acrescentou que "provavelmente" a República Popular da China possui especialistas para conduzir as investigações e que a OMS "não notou" problemas na disposição do país para "trabalhar com outras pessoas".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.114 pessoas das 27.268 confirmadas como infetadas, e há 2.422 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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