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​Regina Duarte em entrevista polémica. Secretária da Cultura do Brasil desvaloriza ditadura e tortura

08 mai, 2020 - 17:52 • Maria João Costa

Em entrevista à CNN Brasil, Regina Duarte minimizou a ditadura, dizendo que “sempre houve tortura”. Lamentou cobrarem-se coisas do passado e desconversou cantando um excerto do hino da Copa do Mundo de 1970.

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São quase 40 minutos de entrevista, mas a gota de água aconteceu quando surgiu um vídeo da atriz Maitê Proença. Regina Duarte, conhecida atriz e agora secretária da Cultura do Brasil, deu a sua primeira entrevista ao canal CNN Brasil. Mas nem tudo correu bem na conversa, em que a responsável política acabou até por cantar.

Na entrevista, conduzida pelo jornalista Daniel Adjuto e apoiada em estúdio por Reinaldo Gottino e Daniela Lima, outros dois jornalistas da CNN Brasil, Regina Duarte começou por ser questionada sobre a sua eventual demissão.

Garantiu que “é uma narrativa que corre lá fora”. A conhecida atriz, que esteve reunida no dia anterior com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou categoricamente que está ali “para servir o país e o Governo”.

Confrontada com a chuva de críticas de quem tem sido alvo, Regina Duarte, que já representou reconhecidos papeis em telenovelas brasileiras, explicou porque apoia o Governo de Jair Bolsonaro.

“Porque acredito que ele era, e continuar a ser, a melhor opção para o país. Mas dizem ele fez isto, ou aquilo. Eu não quero ficar a olhar para trás. Se não vou dar trombada. Posso cair no precipício, ali à frente. Tem de olhar para frente, ser construtivo e amar o país.”

É aqui que Regina Duarte afirma: “Ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70 ou 80, gente, vamos embora para a frente.” E desconversa, começando a cantar o hino da seleção brasileira na Copa do Mundo FIFA de 1970 que dizia: ““para frente Brasil, salve a seleção”.

Mas o jornalista lembra que no período da ditadura “muita gente morreu”, ao que a responsável da Cultura do Brasil responde que “na Humanidade não pára de morrer gente. Se fala vida, do outro lado tem morte, porquê olhar para trás…porquê?”.

Daniel Adjuto sublinha “porque houve tortura”, e Regina Duarte responde: “sempre houve tortura”, lembrando Estaline e Hitler.

Segundo as palavras da Regina Duarte: “não vive quem fica arrastando cordéis de caixões. Tem uma morbidez insuportável que o Covid está trazendo, não está legal”.

Depois de elogiar o que foi feito em defesa dos artistas nesta crise de pandemia, e de se recorrer de umas cábulas que levou para a reunião com o Presidente, o clima de irritação da secretária da Cultura foi subindo, à medida que outras perguntas surgiam dos outros dois jornalistas em estúdio.


A gota de água foi mesmo quando a pivot Daniela Lima anunciou um vídeo da atriz Maitê Proença que usou um discurso direto para pedir a Regina Duarte que falasse com a sua classe que está abraços com uma crise profunda por causa da Covid-19.

A secretária da Cultura nem chegou a ouvir as declarações, arrancou o auricular e recusou-se a ouvir a sua colega de profissão.

“Isso é baixo nível”, afirmou Regina Duarte quando o vídeo de Maitê Proença ia começar aos 36 minutos de entrevista.

Aos jornalistas acusou de estarem a “carregar um cemitério nas costas” e desculpou-os dizendo que “devem estar cansados”.

Regina Duarte pôs assim fim à entrevista. Os dois pivôs fizeram ainda questão de esclarecer os telespetadores de que Maitê Proença “está viva” e que o vídeo era novo: tinha sido enviado para esta entrevista com a responsável da Cultura do governo Bolsonaro.

A entrevista foi emitida na quinta-feira, dia 7 de maio, no programa CNN 360, apresentado por Reinaldo Gottino e Daniela Lima.

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