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Covid-19. Pulverizar ruas com desinfetante é perigoso e não eficaz, diz OMS

16 mai, 2020 - 19:41 • Lusa

Em março, a diretora-geral da saúde, Graças Freitas, tinha declarado em conferência de imprensa "não existir nenhuma evidência científica que [as desinfeções] sejam eficazes".

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Pulverizar ou fumigar desinfetante nas ruas, como alguns países estão a fazer para combater a pandemia de covid-19, não elimina o vírus e coloca riscos sanitários, advertiu a Organização Mundial de Saúde (OMS).

"A pulverização ou fumigação de espaços exteriores, como ruas ou mercados, não é recomendada para destruir o novo coronavírus ou outros agentes patogénicos porque é inativada pela sujidade", explica a OMS num documento sobre a limpeza e desinfeção das superfícies no quadro do combate à pandemia.

A OMS acrescenta que "mesmo em caso de ausência de matérias orgânicas, é pouco provável que a pulverização química cubra corretamente todas as superfícies durante o tempo de contacto necessário para inativar os agentes patogénicos".

"Por outro lado, as ruas e os passeios não são considerados reservatórios de infeção do covid-19", sustenta a organização no mesmo documento.

A OMS alerta ainda que esta medida "mesmo feita no exterior, pode ser perigosa para a saúde humana", e recomenda que, "em caso algum devem ser pulverizadas pessoas" porque "não reduz a capacidade de um infetado propagar o vírus por gotículas ou contacto".

Pulverizar cloro ou outros produtos químicos tóxicos sobre as pessoas pode causar irritações dos olhos e da pela, bronco-espasmos e problemas gastrointestinais, alerta a organização.

Ruas desertas de Cascais desinfetadas para combater disseminação do coronavírus
Ruas desertas de Cascais desinfetadas para combater disseminação do coronavírus

A entidade mundial para a saúde pública diz ainda que também "não recomenda a aplicação sistemática de desinfetantes em superfícies por pulverização ou fumigação nos espaços interiores".

"Se for preciso aplicar desinfetantes, convém fazê-lo com um pano ou um toalhete embebido de desinfetante", recomenda.

O vírus covid-19, na origem da pandemia mundial que já provocou mais de 300.000 mortos, pode fixar-se nas superfícies e nos objetos, mas ainda não há informações precisas da duração do seu tempo de vida nos vários materiais.

Alguns estudos indicaram que o vírus poderá permanecer vários dias ativo em diversos tipos de superfícies, mas essas informações foram recolhidas em condições experimentais, ressalva a OMS.

Em março deste ano, a diretora-geral da saúde, Graças Freitas, tinha declarado em conferência de imprensa "não existir nenhuma evidência científica que sejam eficazes [as desinfeções] e portanto não é uma medida que se recomende".

Na altura defendeu que não era prioritário ter trabalhadores a desinfetar ruas para combater o contágio pelo novo coronavírus, como fizeram algumas autarquias, "porque não há qualquer certeza que tenha influência".

"O que vai travar a covid-19 é estarmos distantes uns dos outros", sublinhou Graça Freitas na conferência de imprensa.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 307 mil mortos e infetou mais de 4,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Em Portugal, morreram 1.203 pessoas das 28.810 confirmadas como infetadas, e há 3.822 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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