20 mai, 2020 - 16:53 • Dina Soares
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Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Andrea Ammon afirma que “olhando para as características do vírus e para os diferentes níveis de imunidade nos diferentes países, que oscilam apenas entre os 2% e os 14%, isso significa que mais de 80% da população continua desprotegida. Como o vírus anda por aí, circula agora muito mais do que em janeiro ou fevereiro, é preciso ser realista: ainda não chegou o tempo do ficar completamente descansado”.
A 2 de maio, Ammon anunciou que a Europa, à exceção da Polónia, já tinha passado o pico da pandemia e os governos começaram, gradualmente, a levantar as restrições. No entanto, cabe-lhe a ela e à organização que dirige detetarem precocemente alterações na evolução da infeção e como agir.
Os sinais, em sua opinião, apontam para uma segunda vaga, que não terá, no entanto, de ser desastrosa caso se mantenham as medidas de prevenção e controle. O problema, diz, é a existência de um certo enfraquecimento ameaçador da determinação do público. “À medida que o número de infeções decresce, as pessoas começam a convencer-se de que acabou, e não acabou”.
Reconhece, no entanto, que ainda não é possível tirar conclusões dos dados apurados à medida que o desconfinamento vai avançando, apesar de tudo estar a ser monitorizado.
A 26 de janeiro, quando se confirmou a natureza extremamente contagiosa do vírus, é que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças avisou os países para reforçarem os seus serviços de saúde fim de que a situação de rutura que então se vivia na Lombardia, em Itália, não se repetisse.
“Penso que os governos subestimaram os meus conselhos sobre a rapidez do contágio. É diferente ter que aumentar a capacidade dos hospitais no espaço de duas semanas ou no espaço de dois dias”.
Além disso, as medidas de restrição de movimentos e de confinamento também chegaram tarde, em sua opinião. Para Andrea Ammon, as férias na neve, nos Alpes, na primeira semana de março foram determinantes no espalhar da doença.
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“Acredito que se tivéssemos adotado essas medidas mais cedo, poderia ter sido possível salvar mais vidas, mas essas medidas são tão rígidas, quero dizer, estão tão fora de nossa experiência…embora necessárias. Infelizmente, a situação no norte de Itália veio provar que eram necessárias”.
Agora, Ammon acredita que a luta contra o novo coronavírus vai ser longa e que as regras de distanciamento e higiene têm que continuar a ser escrupulosamente respeitadas. “Pessoas perfeitamente saudáveis também estão a ser infetadas de forma grave e a morrer. Sabemos que na Europa à volta de 10% da população foi infetada. Nem é em pensar que isso poderia ter acontecido com os restantes 90%”.
A pandemia do novo coronavírus já matou pelo menos 323.370 pessoas e infetou mais de 4,9 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço da agência AFP.
Os Estados Unidos, que registaram a primeira morte ligada à covid-19 no início de fevereiro, são o país mais afetado em termos de número de mortes e casos, com 91.938 óbitos em 1.528.661 casos.
Pelo menos 289.392 pessoas foram declaradas curadas pelas autoridades norte-americanas.
Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Reino Unido, com 35.341 mortes para 248.818 casos, Itália com 32.169 mortes (226.699 casos), França com 28.022 mortes (180.809 casos) e Espanha com 27.778 óbitos (232.037 casos).
A Europa totalizou 168.725 mortes para 193.8946 casos e os Estados Unidos e Canadá 97.949 mortes (1.607.773 casos).
Portugal, com 1.263 mortes registadas e 29.660 casos confirmados é o 22.º país do mundo com mais óbitos e o 26.º em número de infeções.