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Conflito EUA/China: Hong Kong é palco da nova batalha

31 mai, 2020 - 07:39 • Reuters

A tensão diplomática entre os EUA e a China tem vindo a crescer e o coronavírus serviu para aumentar o mau-estar latente. Hong Kong, que já no passado recente foi alvo de profundas discussões, é agora um assunto que promete marcar a guerra de palavras e acções dos dois países.

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Os media estatais da China e o governo de Hong Kong atacaram este domingo a promessa do presidente dos EUA Donald Trump de acabar o estatuto especial de Hong Kong, se Pequim impuser novas leis de segurança nacional à cidade. Em Hong Kong estão em preparação novos protestos contra o reforço de autoridade de Pequim.

Na sexta-feira, Trump prometeu "tomar medidas para revogar o tratamento preferencial a Hong Kong como um território aduaneiro e de viagem separado" da China, e ameaça impor sanções a indivíduos não identificados motivadas pelas novas leis de Pequim para o centro financeiro asiático. Os media estatais chineses contraatacaram, afirmando que essa medida prejudicaria mais os Estados Unidos do que a China.

"O bastão de sanções que os Estados Unidos estão brandindo não assustará Hong Kong e não derrubará a China", escreveu um porta-voz do Partido Comunista da China, no Diário do Povo, num artigo de opinião. O autor usou o pseudónimo "Zhong Sheng", que significa " Voz da China ", frequentemente usada para dar a visão do jornal sobre questões de política externa.

Já o Global Times, também conotado com a linha dura do Partido Comunista Chinês, escreveu: "A China já se preparou para o pior. Não importa o quão longe os EUA vão, a China manterá sua linha".

Um porta-voz do governo de Hong Kong lamentou que os Estados Unidos continuassem a "manchar e demonizar os direitos e deveres legítimos e de soberania" de salvaguardar a segurança nacional. Num sinal de que as manobras diplomáticas não páram, o governo dos EUA disse que colocaria à venda um dos principais imóveis em Hong Kong - um complexo residencial de luxo no valor de HK $ 5 bilões (580 milhões de euros). Um porta-voz do consulado dos EUA em Hong Kong disse que essa medida fazia parte de um programa global que "reforça a presença do governo dos EUA em Hong Kong" através do reinvestimento em outras áreas.

Autoridades da China e Hong Kong justificaram as leis que serão impostas diretamente pela China como forma de restaurar a ordem numa cidade que foi assolada por protestos anti-China e anti-governo, por vezes violentos, no ano passado.

A justificação é a de que as leis se aplicarão apenas a um pequeno número de "agitadores".Os manifestantes, no entanto, argumentam que estão a protestar contra a profunda invasão da China à autonomia e às liberdades de Hong Kong, apesar da promessa de Pequim de conceder à cidade um alto grau de autonomia sob a chamada fórmula "um país, dois sistemas".Mais protestos estão planeados nas próximas semanas.

Os Estados Unidos, o Canadá e a Grã-Bretanha expressaram profundas preocupações com a lei, com a Grã-Bretanha a anunciar que pode conceder direitos ampliados de visto a um grande número de rsidentes de hongkongers.

O partido Demosisto, um grupo de defesa liderado pelo proeminente jovem ativista da democracia de Hong Kong Joshua Wong, disse que a lei de segurança será "a morte da liberdade em Hong Kong".Um alto funcionário de Hong Kong, Erick Tsang, disse que não se importaria se fosse sancionado por Washington. "Eu nem sequer viajaria para o Canadá, para evitar que eles me tentassem deter lá", disse Tsang a uma rádio local.

Os detalhes das leis ainda não são claros, mesmo para autoridades de Hong Kong, mas devem ser promulgados pelo parlamento chinês neste verão. As leis proibirão a secessão, a subversão, o terrorismo e a interferência estrangeira em Hong Kong, e serão impostas sem qualquer escrutínio legislativo local.

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