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Gregg Popovich chama "idiota tresloucado" a Trump

02 jun, 2020 - 11:23 • Redação

O treinador dos San Antonio Spurs considera que os EUA precisam de um líder que não defenda apenas os seus próprios interesses. Ainda assim, pede maior organização nos protestos por George Floyd, também para que não haja aproveitamento.

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Mais de cinco mil detenções e pelo menos sete mortes nos EUA. Trump descreve cenário de “terror interno”
Mais de cinco mil detenções e pelo menos sete mortes nos EUA. Trump descreve cenário de “terror interno”

O treinador da equipa norte-americana de basquetebol San Antonio Spurs dirigiu um elaborado ataque ao Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, pela forma como este está a lidar com os protestos contra a violência policial contra as pessoas negras.

Em entrevista à revista "The Nation", Gregg Popovich declara que Trump, que pediu mão pesada e chamou "bandidos" aos protestantes, "é um idiota tresloucado" e acusa-o de defender os próprios interesses.

"É inacreditável. Se Trump tivesse um cérebro, mesmo que fosse 99% cínico, viria cá para fora e diria algo para unir as pessoas. Mas ele não está interessado em unir as pessoas, nem mesmo agora. É quão tresloucado ele é. Tudo é sobre ele. Tudo é sobre o que o beneficia pessoalmente. Nunca se importou com o bem maior. E ele sempre foi assim. Ele não divide apenas, ele destrói. Estar na presença dele faz-te morrer. Ele comer-te-á vivo em nome dos seus interesses", acusa.

O "fantoche" e o líder de que os EUA precisam


Na opinião de Popovich, que também apelida Trump de "cobarde" e o acusa de "criar um problema e fugir como um miúdo da escola primária", os EUA precisam de um presidente que, no mínimo, reconheça a importância do movimento "Black Lives Matter":

"Trump não o fará, nem pode, porque é mais importante apaziguar o pequeno grupo de seguidores que validam a insanidade dele. Mas isto vai para além de Trump. O sistema tem de mudar. Mas ele não pode fazer nada para nos colocar num rumo positivo, porque não é um líder."

Popovich considera, até, que o grande culpado da situação em que os EUA se encontram nem é Donald Trump, mas sim o senador Mitch McConnel, líder do Senado e "a pessoa que realmente manda no país".

"McConnell destrói os Estados Unidos por várias gerações. Destruiu e degradou o nosso sistema judicial, tentou destruir o Serviço Nacional de Saúde, destruiu o ambiente. Ele é o mestre e Trump o fantoche, e o que é engraçado é que Trump nem sequer o sabe", ironiza o treinador.

Manifestações devem ser "melhor organizadas"


O que "mais impressiona" o técnico de basquetebol, que está nos Spurs desde 1996 e venceu cinco vezes a NBA, "é que todos vemos esta violência policial e racismo, e já vimos tudo isto antes, mas nada muda".

"É por isso que estes protestos têm sido tão explosivos. No entanto, sem liderança e sem compreensão sobre qual é o problema, nunca haverá mudança. E nós, americanos brancos, evitamos desde sempre confrontar este problema, porque temos tido o privilégio de conseguir evitá-lo. Isso também tem de mudar", aponta o treinador, de 71 anos.

Ainda assim, Popovich considera que, embora sejam "muito necessários", os protestos, que "têm de ser melhor organizados".

"Maior liderança seria bem-vinda, para que estas incríveis demonstrações em massa não possam ser usadas por pessoas com outros interesses", conclui, na mesma entrevista à "The Nation".

As consequências da morte de George Floyd


Em causa estão as manifestações violentas espoletadas pela morte de George Floyd, de 46 anos, que faleceu enquanto era detido pela polícia de Minneapolis. A morte do cidadão afro-americano gerou uma onda de protestos e motins contra a brutalidade policial nessa cidade e noutras partes do país, com várias altercações.

Mais de cinco mil pessoas foram detidas durante as pilhagens e no decorrer de bloqueios nas estradas, bem como pelo incumprimento do recolher obrigatório imposto em várias cidades norte-americanas. Há registo, também, de, pelo menos, sete mortos.

Donald Trump já pediu mão pesada contra os manifestantes em Minneapolis, Estado do Minnesota, que apelidou de “esquerda radical” e expressou disponibilidade para enviar o exército para reprimir os protestos contra a morte de George Floyd.

Os quatro polícias envolvidos foram já despedidos da força policial e o agente Derek Chauvin foi acusado de assassínio e homicídio involuntário. A mulher já anunciou o divórcio após os acontecimentos.

Entretanto, uma autópsia independente confirmou que George Floyd morreu por asfixia, ou seja, imputa responsabilidades a Derek Chauvin.

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