08 jun, 2020 - 06:55 • Redação com Lusa
Esta segunda-feira, o polícia acusado de ter morto o afro-americano George Floyd, asfixiando-o com o joelho, em Minneapolis, nos Estados Unidos, deve comparecer em tribunal. Dereck Chauvin é acusado de assassinato em segundo grau (intencional, mas não premeditado).
Dois dos outros polícias que estavam no local onde Floyd foi assassinado foram já presentes a tribunal, na quinta-feira, tendo-lhes sido aplicada uma caução de pelo menos 750 mil dólares (cerca de 700 mil euros).
Dereck Chauvin enfrenta a possibilidade de uma pena até 40 anos de prisão, depois de os procuradores terem revisto a acusação ao polícia responsável por ter asfixiado, durante de cerca de oito minutos, o afro-americano.
A presença de Chauvin em tribunal coincide temporalmente com a chegada do corpo de George Floyd a Houston, no Texas, a sua cidade de origem, onde será feito um serviço fúnebre público, no Cape Fear Conference, depois de uma série de outras cerimónias, que se realizam desde quinta-feira.
Floyd será enterrado, na terça-feira, numa cerimónia reservada aos familiares.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
A morte ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos nove mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.
A maioria dos membros do Conselho da Cidade de Minneapolis disse apoiar a dissolução do departamento de polícia da cidade.
Nove dos 12 membros do conselho compareceram com ativistas num comício num parque da cidade no domingo à tarde e prometeram acabar com o policiamento como a cidade o conhece atualmente. O membro do conselho Jeremiah Ellison prometeu que o conselho “desmontará” o departamento.
“É claro que o nosso sistema de policiamento não está a manter as nossas comunidades seguras”, disse a presidente do conselho, Lisa Bender.
O estado de Minnesota iniciou uma investigação de direitos civis do departamento na semana passada, e as primeiras mudanças concretas ocorreram na sexta-feira, num acordo estipulado em que a cidade concordou em proibir estrangulamentos durante as operações policiais.
Uma reformulação mais completa do departamento provavelmente ocorrerá nos próximos meses.
A mudança para desfazer ou abolir o departamento de Minneapolis está longe de ser garantida, com a investigação sobre direitos civis provavelmente a desenrolar-se nos próximos meses.
A dissolução de um departamento inteiro já aconteceu antes. Em 2012, com o crime a subir de forma acentuada em Camden, Nova Jersey, a cidade dissolveu o departamento de polícia e substituiu-o por uma nova força que cobria o Condado de Camden.
Compton, Califórnia, deu o mesmo passo em 2000, mudando o seu policiamento para o condado de Los Angeles.