16 jun, 2020 - 23:10 • Filipe d'Avillez com Reuters
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Cientistas americanos mostraram-se céticos, esta terça-feira, com a alegada descoberta de um medicamento para tratar casos de Covid-19.
Um estudo pela Universidade de Oxford indica que o medicamento dexametasona tem excelentes resultados no tratamento dos casos mais graves de infeção, reduzindo a um terço a probabilidade de morte.
Mas o facto de um outro estudo recente, desta feita sobre os efeitos da hidroxicloroquina, ter sido mais tarde denunciado como defeituoso, deixa os especialistas do outro lado do Atlântico desconfiados.
“Já nos queimámos uma vez, não só durante a pandemia de coronavírus, mas até antes, com resultados entusiasmantes que, depois de termos acesso aos dados, se revelam menos convincentes”, disse Kathryn Hibbert, diretora da unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Harvard, no Massachusetts.
Os médicos responsáveis pelo estudo com dexametasona, um medicamento usado para combater a inflamação, já disseram que esperam poder publicar os detalhes completos do seu estudo com a maior brevidade possível.
Em declarações à Reuters, Hibbert afirmou que só vendo os dados publicados é que seria possível avaliar o estudo, verificando quem beneficiou e em que doses é que a droga foi usada.
“Espero bem que isto seja verdade, porque seria um grande passo em frente para poder ajudar os nossos doentes”, disse, mas salvaguardou que sem mais informação não estava disposta a alterar as práticas no seu hospital.
Outro médico americano, Thomas McGinn, um dos responsáveis do maior sistema de saúde no Estado de Nova Iorque, também mostrou reservas. “Queremos ver os dados reais, ver se foi revisto por pares e se é publicado numa revista séria” e o professor de Medicina, Mark Wurfel também pediu a revelação dos dados, dizendo que “seria uma grande, grande ajuda para podermos alinhar as nossas populações de pacientes com os deles e decidir se seria apropriado aplicar esta terapia aos nossos doentes”.
Os Estados Unidos são, até agora, o país mais duramente atingido pela pandemia de Covid-19, com perto de 120 mil mortos. No mundo já morreram mais de 400 mil pessoas desta nova estirpe de coronavírus.