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Trump ordena que se faça menos testes para despistar a Covid-19

21 jun, 2020 - 07:47 • Lusa

Não é certo se o Presidente dos Estados Unidos estava a falar a sério. O país é o mais atingido pela doença, com mais de 2,2 milhões de casos e quase 120 mil mortos, numa população de 300 milhões de habitantes.

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O Presidente dos Estados Unidos declarou ter pedido às autoridades sanitárias para diminuírem o ritmo de despistagem da covid-19 devido ao aumento de casos diagnosticados no país, o mais atingido no mundo pela pandemia.

Sem deixar claro se falava à sério, Donald Trump disse, no sábado, aos apoiantes reunidos em Tulsa, no estado de Oklahoma, que a despistagem da doença era "uma faca de dois gumes".

"Eis o lado mau: quando se faz este volume de testes, encontramos mais pessoas, mais casos", explicou, durante o primeiro comício para retomar a campanha para a reeleição presidencial, organizado durante a epidemia nos Estados Unidos.

"Então disse à minha equipa para diminuir o ritmo da despistagem. Eles fazem testes e testes...", acrescentou Trump, cuja gestão da crise sanitária nos Estados Unidos é alvo de críticas de todos os quadrantes.

Sem se identificar, um responsável da Casa Branca indicou, de imediato, que o Presidente estava "evidentemente a brincar para denunciar a cobertura mediática absurda".

Seis membros da equipa de campanha de Trump receberam testes positivos para a Covid-19 e foram colocados sob quarentena, algumas horas antes do início deste comício. Até aqui bastante poupado, o estado de Oklahoma regista agora um forte aumento de casos.

Os Estados Unidos são o país mais atingido pela Covid-19, com mais de 2,2 milhões de casos e quase 120 mil mortos, numa população de 300 milhões de habitantes.

Na intervenção, Trump retomou os ataques contra o adversário democrata na corrida à Casa Branca, o antigo vice-Presidente Joe Biden, ao mesmo tempo que voltou a responsabilizar a China por não ter controlado a propagação do novo coronavírus.

Se Biden chegar ao poder, será "o fim dos Estados Unidos" já que estará "controlado pela esquerda radical", advertiu o candidato republicano.

O comício decorreu num estádio com capacidade para 19 mil pessoa e que a campanha de Trump tinha prometido encher. As imagens difundidas mostravam bancadas vazias.

Um outro evento previsto no exterior do recinto, em que devia participar também o vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, foi cancelado horas antes devido à baixa afluência.

A data e o local escolhidos por Trump para este comício vieram aumentar as tensões raciais que se vivem nos Estados Unidos desde o homicídio do negro George Floyd às mãos de um polícia branco em Minneapolis, em finais de maio. Este homicídio desencadeou uma onda de protestos sem precedentes em todo o país.

Tulsa foi palco de um dos piores massacres de afro-americanos da história, quando em 1921 cerca de 300 negros foram assassinados por grupos brancos.

O comício de Trump estava inicialmente previsto para decorrer na sexta-feira, 19 de junho, data conhecida como "Juneteenth" e que comemora a abolição da escravatura nos Estados Unidos.

"Somos o partido de Abraham Lincoln e o partido da lei e da ordem", salientou Trump, numa referência ao Presidente republicano que apoiou a abolição da escravatura em plena guerra civil (1861-1865).

Sobre as manifestações generalizadas, que levaram ao derrube de várias estátuas e monumentos da Confederação, que integrou os estados do sul e esclavagistas que se rebelaram contra o resto do país, a União, o Presidente norte-americano acusou os manifestantes de serem "anarquistas e incendiários".

"Querem demolir a nossa herança (...) Devíamos ter legislação para prender durante um ano quem queimar a bandeira e a pisar", declarou.

Depois de Oklahoma, Trump tem previstos, nas próximas semanas, comícios na Florida, no Arizona e na Carolina do Norte, todos estados que podem decidir o resultado das eleições presidenciais de 3 de novembro.

Comentários
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  • JMC
    21 jun, 2020 USA 19:56
    Não há ninguém mais cego do que aquele que não quer ver. E não apenas isso, é como ter um cego a conduzir outro cego. É triste.
  • Cidadao
    21 jun, 2020 Lisboa 10:41
    Sim, e se suspenderem totalmente os testes até talvez possam dizer que o Covid "acabou"... Era só o Maduro. Depois juntou-se-lhe o "querido líder" depois veio o Trump, depois o Bolsonaro, depois o Boris. Pelo meio há o Putin e o tipo da Hungria... Caramba: se de um lado chove, do outro há trovoada!

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