27 jun, 2020 - 12:26 • Lusa
As autoridades de Hong Kong invocaram este sábado "a persistente agitação social" no território para proibir a realização da manifestação pró-democracia do 1 de julho, que assinala a devolução pelos ingleses à China da região administrativa especial.
"A Polícia de Hong Kong estudou os riscos e acredita que alguns participantes na assembleia e na marcha pública podiam abandonar o percurso autorizado e vandalizar edifícios", informou, na sua página do Facebook, a Frente Civil dos Direitos Humanos (FCDH), grupo pró-democracia que organiza a manifestação.
É a primeira vez nos últimos 17 anos que a manifestação é proibida pelas autoridades, que invocaram episódios recentes de violência neste tipo de protestos.
Por outro lado, a Polícia de Hong Kong, em carta dirigida à FCDH, avisa que a manifestação violaria as regras impostas por Pequim de contenção da pandemia Covid-19, que impedem a reunião em espaços públicos de mais de 50 pessoas.
As autoridades policiais acrescentam ainda que a FCDH "não tem capacidade" para controlar eventuais atos de violência praticados por manifestantes.
"É de admitir que esses atos de violência iriam ameaçar a segurança de outros participantes, cidadãos, jornalistas e agentes de polícia", referem.
A Polícia de Hong Kong já tinha usado argumentos semelhantes para proibir, pela primeira vez nos últimos 30 anos, a vigília anual que assinala o massacre de Tianamen. Muita gente, no entanto, acabou por não acatar estas ordens, não se tendo verificado atos de violência ou outros incidentes.
A líder do Governo da região administrativa, Carrie Lam, tem negado sistematicamente que existam motivações políticas por detrás destas proibições, invocando a necessidade de manter as regras de distanciamento social por causa da Covid-19.
No último ano, a situação em Hong Kong deteriorou-se muito, em parte devido ao impacto na economia dos protestos pró-democracia.
O Produto Interno Bruto caiu 2,8% e 3% nos dois últimos trimestres de 2019 e quase 9% nos primeiros três meses deste ano, situação agravada pela crise da pandemia Covid-19.