08 jul, 2020 - 18:07 • Lusa
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou, esta quarta-feira, cortar fundos federais caso as escolas no país não reabram no outono, criticando ainda as orientações dos especialistas governamentais de saúde pública sobre a reabertura das instituições de ensino.
Numa mensagem publicada na rede social Twitter, Trump argumentou que vários países, como a Alemanha, Dinamarca e Noruega, reabriram as escolas “sem problemas”.
Também reiterou o argumento que os democratas querem manter as escolas encerradas por motivos políticos e não por causa dos riscos associados ao novo coronavírus.
“Os democratas pensam que poderá ser mau para eles politicamente se as escolas abrirem antes das eleições [presidenciais e gerais] de novembro", afirmou Trump, acrescentando: “Mas é importante para as crianças e famílias. Pode-se cortar o financiamento se não abrirem!”.
O chefe de Estado norte-americano não pormenorizou quais os fundos federais que poderá eventualmente cortar, nem qual é a legislação lhe atribui tal poder.
Estes comentários surgem um dia depois da administração Trump ter tentado pressionar as autoridades estaduais e locais a avançarem com a reabertura de escolas e de universidade no outono.
Numa mesa-redonda realizada na terça-feira na Casa Branca, em Washington, as autoridades governamentais das áreas da saúde e da educação argumentaram que manter os alunos fora das salas de aula durante o semestre do outono iria trazer maiores riscos à saúde pública do que qualquer outro risco associado ao novo coronavírus.
Um dos especialistas que insistiu na reabertura das instituições de ensino no outono foi o diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla inglesa), agência que faz parte do Departamento de Saúde dos Estados Unidos.
No entanto, o Presidente Trump lançou hoje críticas às orientações emitidas pela agência para a reabertura das escolas, afirmando que as medidas são “muito exigentes” e “dispendiosas”.
O uso de máscara por estudantes e professores sempre que possível, espaçamento entre as carteiras das salas de aula, horários com várias escalas e colocação de barreiras físicas em alguns locais de acesso comum são algumas das recomendações emitidas pelo CDC.
Trump não esclareceu quais são as medidas com as quais discorda.
Entretanto, o presidente da câmara de Nova Iorque, o democrata Bill de Blasio, anunciou hoje que as escolas daquela cidade vão reabrir no outono, adotando um modelo que vai conciliar aulas presenciais e aulas ‘online’.
Bill de Blasio explicou que a maioria dos estudantes de Nova Iorque terão aulas presenciais dois ou três dias por semana e nos restantes dias através da Internet.
Segundo afirmou o autarca nova-iorquino, muitas das escolas não podem acomodar todos os seus estudantes de uma só vez e manter ao mesmo tempo um distanciamento social seguro.
Bill de Blasio esclareceu ainda que os pais terão a opção de querer apenas aulas ‘online’ para os seus filhos, mas adiantou, citando os resultados de um inquérito, que 75% dos pais querem que os filhos regressem à escola em setembro.
O governador do estado de Nova Iorque, o também democrata Andrew Cuomo, já afirmou em diversas ocasiões que a decisão de reabrir ou não as escolas é da sua competência.
Bill de Blasio disse hoje que a autarquia da cidade irá trabalhar de perto “em cada etapa do caminho com o estado de Nova Iorque".
As escolas de Nova Iorque foram encerradas em março, na mesma altura em que os serviços não essenciais foram fechados para travar a propagação do novo coronavírus.
Os Estados Unidos são o país com mais mortes associadas à doença covid-19 (131.480) e mais casos de infeção pelo novo coronavírus confirmados, mais de três milhões.