Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

"Seria uma péssima notícia" o Conselho Europeu não fechar acordo hoje, diz Costa

19 jul, 2020 - 11:25 • Lusa

Para o primeiro-ministro português, é “incompreensível a dificuldade das lideranças europeias em chegarem a um acordo rápido”.

A+ / A-

O primeiro-ministro português disse esperar que o Conselho Europeu chegue este domingo a um compromisso sobre o plano de resposta europeia à crise da covid-19, advertindo que “será uma péssima notícia” para a Europa se tal não acontecer.

Em declarações à partida para o terceiro dia de cimeira em Bruxelas, António Costa disse acreditar que há “uma boa vontade de todos em que haja um acordo” sobre o próximo orçamento plurianual da UE e o Fundo de Recuperação, mas notou que tal exige um esforço negocial cada vez maior, pois alguns Estados-membros têm hoje uma “visão utilitarista” do projeto europeu.

Considerando que “o dia de hoje é obviamente o dia conclusivo”, pois “ninguém vai cá ficar para amanhã”, segunda-feira, Costa considerou então imperioso “conseguir fechar esse acordo” durante as próximas horas.

“Se não o fizermos, acho que será uma péssima notícia para a Europa, um péssimo sinal para todos os agentes económicos e para os europeus”, declarou.

António Costa advertiu todavia que, para se chegar a um compromisso a 27, não podem ser apenas 23 a ceder às reivindicações de quatro, os autodenominados ‘frugais’ - Países Baixos (Holanda), Áustria, Suécia e Dinamarca -, que “também têm de fazer algum esforço, porque até agora todos os movimentos [de aproximação] que têm sido feitos, têm sido feitos em direção àqueles quatro países”.

Considerando que é “incompreensível a dificuldade das lideranças europeias em chegarem a um acordo rápido” face a uma crise tão profunda e grave, o primeiro-ministro observou que a realidade de hoje na União Europeia é que há “visões profundamente distintas” do que significa fazer parte do bloco comunitário.

“Hoje, os governos já não são os mesmos dos que eram quando se constituiu a União, as situações políticas em muitos países já não são as mesmas do que quando se constituiu a União. O espírito mudou muito e nós temos agora muitas vezes, isso é o que eu sinto, muitos países que estão num fato que já não lhes é confortável. Sabe como é, quando uma pessoa compra um fato, depois engorda, e o fato deixa de servir, ou passa de moda”, comentou.

Constatando que “aquilo que é o espírito que tem que animar uma União” já não é então “partilhado por todos”, Costa apontou que é necessário todos fazerem “um enorme esforço em tentar compatibilizar numa União aqueles que verdadeiramente têm vontade de estar na União, aqueles que no fundo, no fundo, o que gostariam era de voltar só ao mercado único e à moeda única”, e ainda outros que disse estar convicto de que “aquilo que gostariam mesmo de voltar simplesmente a um mercado comum e a uma união aduaneira”.

“Portanto, hoje há muitas formas diferentes de estar aqui na União, e isso condiciona a visão global que há”, disse.

Costa considerou que “foi manifesto que ao longo da reunião [do Conselho] se foi tornando mais difícil fechar um acordo” e “há muitos temas que ainda estão em aberto”, mas afirmou-se convicto de que é ainda possível chegar a um compromisso. Ao mesmo tempo, defendeu que só vale a pena chegar a um acordo se for um bom acordo, à altura da dimensão da crise, pois caso contrário tratar-se-á de “uma ilusão” para os europeus.

“Não estamos simplesmente a negociar mais milhão, menos milhão para um quadro financeiro normal de circunstâncias normais para executar nos próximos sete anos”, disse, reiterando que o que está em causa é uma resposta a uma crise “que a senhora [chanceler alemã, Angela] Merkel já disse que é a maior desde a II Guerra Mundial”.

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia partem hoje para o terceiro dia de cimeira em Bruxelas ainda longe de um compromisso sobre o plano de relançamento europeu, muito pelas resistências que os ‘frugais’ continuam a colocar.

Ao cabo de dois dias intensos de negociações, o Conselho Europeu iniciado na sexta-feira de manhã na capital belga ainda não permitiu que os 27 se aproximassem o suficiente para aprovar as propostas sobre a mesa, de um orçamento da União para 2021-2027 na ordem dos 1,07 biliões de euros e de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para ajudar os Estados-membros a superar a crise provocada pela pandemia da covid-19, com os países frugais a quererem reduzir os montantes dois dois instrumentos e a reduzirem a proporção de apoios a serem prestados na forma de subsídios a fundo perdido.

No reinício dos trabalhos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deverá colocar sobre a mesa uma proposta revista, elaborada ao longo da madrugada, tentando ir ao encontro das diversas reivindicações de cada Estado-membro.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Americo Anastacio
    19 jul, 2020 Leiria 14:19
    “Incompreensível a dificuldade das lideranças europeias em chegarem a um acordo rápido”, como é incompreensível que nós em tempo de "vacas gordas" não termos tomado uma política de poupança e reformas com vista a uma situação mais "forte" em termos de finanças públicas. Pois andámos a "pagar" favor para eleger esta personagem para primeiro-ministro e o resultado está à vista. Mas, segundo as sondagens, os Portugueses gostam. Não é por acaso que o nosso povo continua a cair no "conto do vigário" . Pois é, falta-nos muita coisa, mas formação cívica é uma delas. Com esta gente, seremos sempre uns pedintes,. Uma maioria a pagar impostos para uma classe política sem coluna..............É muito triste.
  • 19 jul, 2020 12:57
    Lembram-se daquela vez que jose maria ricciardi se atirou a marcelo de sousa ?
  • Cidadao
    19 jul, 2020 Lisboa 12:26
    Se é para ser outra cegada tipo Troika, barda***da para o "acordo"...

Destaques V+