05 ago, 2020 - 18:39 • Hugo Monteiro , Filipe d'Avillez
Cerca de metade de Beirute está destruída e o cenário nas ruas no dia depois da gigantesca explosão no porto da cidade é de caos.
O desastre fez pelo menos 100 mortos e cerca de 5.000 feridos. João Sousa, um fotojornalista português que vive e trabalha em Beirute, explica que os sobreviventes não ficaram à espera das operações de limpeza, e puseram mãos à obra.
“O cenário é de fachadas destruídas, montras partidas, caos total. Mas veem-se grupos de dezena ou centenas de pessoas a circular a pé por Beirute, o que não é comum. Não costumam andar a pé, mas de carro ou de moto nesta zona. Estou a assistir a grupos de voluntários que estão a limpar a cidade, de vassoura em riste, estão a limpar a cidade”, descreve.
Cerca de 300 mil pessoas terão ficado sem casa, de acordo com o governador da capital do Líbano. Metade da cidade está completamente destruída. O Governo libanês já decretou o estado de emergência durante duas semanas e os funcionários do porto de Beirute responsáveis pela segurança e armazenamento, estão em prisão domiciliária.
Nesta conversa com a Renascença, João Sousa dá conta do último balanço das autoridades libanesas.
“Estamos com mais de 100 mortos neste momento e pelo menos quatro mil, talvez cinco mil feridos. O número de feridos não vai aumentar muito mais, o que aconteceu foi ontem e os que deram entrada no hospital deram entrada ontem, e não hoje. O número de mortos é que ainda pode aumentar mais”, diz.
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João Sousa, um fotojornalista português residente (...)
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros há indicação apenas de um ferido ligeiro entre a pequena comunidade portuguesa que reside em Beirute. Há ainda o caso de um cidadão nacional que pediu para regressar a Portugal juntamente com a mulher, uma cidadã libanesa, diz a Secretária de Estado das Comunidades.
João Sousa, por sua vez, diz que pretende ficar. “Vou permanecer para já, enquanto for sustentável, depois logo se vê, faço um ponto da situação e se a minha vida complicar-se demasiado aqui faço uma avaliação e vou para outro país, não necessariamente Portugal, há muitos outros países para onde se pode ir.”
O Presidente da República já apresentou condolências ao homólogo libanês e Portugal disponibilizou efetivos para ir para o local ajudar as autoridades libanesas no rescaldo do desastre.