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Em Beirute, a máscara não é só por causa da Covid-19

06 ago, 2020 - 07:55 • Marta Grosso , Marisa Gonçalves (entrevista)

Consternação, preocupação e alguma revolta. É o que se vive em Beirute depois das explosões. Rita Dieb vive na capital libanesa e avança detalhes sobre mais um “day after” da tragédia.

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Depois das explosões em Beirute, a população tenta agora reerguer-se. Ouvida pela Renascença, a portuguesa Rita Dieb conta que as autoridades têm apelado ao uso de máscara, não só por causa da Covid-19, mas porque podem existir substâncias tóxicas no ar.

“Houve alguns apelos no sentido de evitar que se vá à rua, se não houver necessidade, porque poderá haver substância tóxicas no ar”, conta.

“Esses apelos vieram, por exemplo, do Facebook, dos hospitais e dos médicos, que iam alertando que mais vale prevenir do que remediar e que o melhor seria ter cuidados redobrados”, acrescenta.

As violentas explosões que abalaram Beirute provocaram pelo menos 137 mortos, enquanto pelo menos 100 pessoas continuam desaparecidas, disse o ministro da Saúde libanês, Hamad Hassan. Há ainda 300 mil pessoas que ficaram sem casa.

Depois das explosões, foi o caos nos hospitais.

Entretanto, os responsáveis pelo porto de Beirute estão em prisão domiciliária enquanto estiverem a decorrer as investigações às explosões, que ocorreram na terça-feira na capital do Líbano.

“Foi destruída uma grande parte de um hospital universitário que fica perto da zona das explosões”, explica Rita. Foi, por isso, necessário “transferir os doentes que estavam neste hospital. As autoridades pediam que se fossem levando os feridos para os hospitais periféricos, porque os grandes hospitais, ao redor de Beirute, já estavam sobrelotados”, conta.

Além disso, mais de 300 mil pessoas ficaram sem casa. Se, antes das explosões, o país já vivia “uma crise económica, social e política”, agora a situação complicou-se.

O ambiente é “de consternação, de preocupação e de alguma revolta, porque tudo vem culminar numa situação que já estávamos a viver”, diz Rita.

Esta portuguesa a viver em Beirute fala ainda de falhas de energia que já existiam na cidade e que se agravaram com a explosões.

Depois do choque, o anoitecer na quarta-feira “foi triste e complicado”. Ainda assim, Rita Dieb não quer deixar a capital do Líbano e manifesta esperança e fé no futuro.

Portugal já se ofereceu para enviar equipas de emergência para o país.

O primeiro-ministro libanês disse que a explosão foi causada por 2.750 toneladas de nitrato de amónio. Acrescentou que a substância tinha sido armazenada durante seis anos no armazém do porto sem medidas de segurança, “colocando em risco a segurança dos cidadãos”.

Os estragos provocados pela explosão. “É como se um enorme terramoto tivesse atingido Beirute. Estou sem palavras”
Os estragos provocados pela explosão. “É como se um enorme terramoto tivesse atingido Beirute. Estou sem palavras”
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