09 ago, 2020 - 11:02 • Lusa
Milhares de autoridades afegãs aprovaram este domingo a libertação de 400 prisioneiros talibãs, culpados de crimes graves, incluindo ataques mortais contra afegãos e estrangeiros.
“A fim de eliminar obstáculos à abertura de negociações de paz, para pôr um fim à carnificina e para o bem público, a Jirga aprova a libertação dos 400 prisioneiros requisitados pelos talibãs”, anunciou o membro da assembleia Atefa Tayeb.
O Governo do Afeganistão iniciou na sexta-feira uma consulta sob a forma de Loya Jirga, assembleia de anciãos e elites políticas, mais de 3.200 participantes de diversos grupos sociais, incluindo 30% de mulheres, para decidir sobre a libertação dos últimos 400 prisioneiros talibãs na perspetiva do início das conversações de paz.
Esta é a última tranche do grupo de 5.000 prisioneiros talibãs que Cabul se tinha comprometido a libertar no âmbito do acordo firmado em Doha em fevereiro passado entre os Estados Unidos e os insurgentes, em troca de 1.000 membros das forças afegãs.
A troca de detidos está incluída no acordo assinado em Doha entre os Estados Unidos e os talibãs em fevereiro, e previa a sua libertação no prazo de dez dias para dar início às conversações inter-afegãs em março.
Os insurgentes concluíram a libertação dos seus 1.000 prisioneiros em 30 de julho.
“Nós estamos no ponto de (iniciar) negociações de paz”, assegurou hoje Abdullah Abdullah, responsável governamental pelas negociações.
A resolução que recomenda a libertação dos presos foi aprovada após três dias de discussões. O futuro destes prisioneiros representa uma questão crucial na abertura das negociações entre os talibãs e o Governo, em que ambos se comprometem numa troca de prisioneiros que deve preceder essas discussões.
Cabul já libertou quase 5.000 prisioneiros talibãs, mas as autoridades afegãs tinham-se recusado até agora a libertar os últimos 400 prisioneiros reivindicados pelos insurgentes.
Entre eles, segundo a lista oficial consultada pela agência France Press (AFP), estão mais de 150 condenados à morte, além de um grupo de 44 cativos “indesejáveis”, uma espécie de lista negra repleta de perfis considerados problemáticos pelas autoridades norte-americanas e afegãs, mas também de outros países.
Cinco deles, por exemplo, participaram no ataque de 2018 ao Hotel Intercontinental de Cabul, no qual 40 pessoas foram mortas, entre os quais 14 estrangeiros.
Na sexta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos da América Mike Pompeo pediu aos dignitários que cumprissem com esta libertação “impopular”.